Portugal apresenta-se, pela primeira vez desde 1976, nos Mundiais de corta-mato sem uma equipa sénior completa, com a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) a assumir que a competição deixa de ser encarada como prioritária.
Manuel Damião, Tiago Costa e António Silva são os portugueses que correm domingo em Bydgoszcz, na Polónia, o que não permite classificação coletiva masculina - seriam necessários quatro.
Em femininos, estará somente Carla Salomé Rocha, enquanto nos juniores, Portugal apresenta os campeões nacionais, Miguel Marques e Silvana Dias.
Jorge Vieira, presidente da FPA, sustenta que «a realidade portuguesa do meio-fundo não permite grandes exigências» e que o Mundial de corta-mato, agora uma prova bienal, não é uma aposta prioritária, ao contrário do Europeu, no final do ano.
O quadro de renúncia a uma participação coletiva ficou desenhado a partir do momento em que a maioria dos atletas mais bem classificados no Nacional de corta-mato pediu para não ir ao Mundial.
Logo nesse momento, Pedro Rocha, técnico nacional de meio-fundo, confirmou a «grande quantidade de pedidos de dispensa», tendo o passo seguinte sido a assunção de que não haveria mesmo participação coletiva.
«Não levamos equipas completas porque, face ao desinteresse de alguns atletas que ficaram nos lugares da frente [no Nacional], não faz sentido chamar outros só para competir coletivamente», explicou.
Na planificação do ano de 2013 a FPA propunha-se levar a Bydgoszcz um total de 16 atletas, ou seja duas equipas completas (seis) em seniores e os restantes quatro em juniores.
A tetracampeã nacional de corta-mato, Ana Dulce Félix, vai correr no mesmo dia na meia-maratona de Lisboa. Sara Moreira, a vice-campeã, competiu domingo passado na "meia" de Nova Iorque e Clarisse Cruz, terceira, pretende começar já preparar a época de 3.000 metros obstáculos.
A preparação desde já da época de verão em obstáculos é também a vontade de Alberto Paulo, vice-campeão, enquanto o terceiro do setor masculino, José Rocha, vai à meia-maratona lisboeta, organizada pelo seu clube, o Maratona.
A exceção em termos de atletas de elite é mesmo o bicampeão nacional, Manuel Damião, que pretende em Bydgoszcz fechar a época, já que não tem projeto para a temporada de pista.
Na Polónia, Damião aponta a uma classificação «no primeiro terço» de uma prova que tudo aponta ser, mais uma vez, dominado pelos atletas africanos, sobretudo do Quénia e da Etiópia.
Há dois anos, em Punta Umbria, Espanha, o nono lugar coletivo de Portugal em masculinos e o 12.º em femininos, a pior classificação conjunta em 22 anos, já dava bem a nota de crise.
Damião conseguiu então o 48.º lugar, o seu melhor de sempre na prova longa, em nove participações globais, e Carla Salomé Rocha foi 78.ª, na sua estreia sénior.
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