O sexto dia dos Mundiais de atletismo, em Budapeste, 'acordou' com a confirmação do domínio total da Espanha na marcha e terminou com surpreendentes sucessos jamaicanos, na pista.

Com vitórias nos 100 metros barreiras e 400 metros femininos, o sucesso jamaicano só não foi maior porque o grego Miltiadis Tentoglou o negou mesmo no último ensaio do salto em comprimento.

A neerlandesa Femke Bol confirmou totalmente o favoritismo nos 400 metros barreiras e no lançamento do martelo foi a vez da canadiana Camryn Rogers chegar ao ouro.

A Jamaica e a Espanha são, a par do Quénia e Etiópia, as nações que mais fazem por resistir ao avassalador domínio norte-americano, hoje sem ouros, mas ainda assim com mais medalhas conquistadas.

A surpresa maior acabou por ser o regresso ao título da jamaicana Danielle Williams, oito anos depois de ter sido campeã das barreiras altas pela primeira vez.

Por 'quase' nada - um centésimo apenas, 12,43 e 12,44 - a atleta de 30 anos superou a porto-riquenha Jasmine Camacho-Quinn, a campeã olímpica.

A campeã de Oregon2022, a nigeriana Tobi Amusan, foi apenas sexta, fechando mal uma época movimentada em que chegou a estar suspensa por violar as obrigações de localização para controlos antidoping - castigo entretanto levantado.

A outra ‘surpresa' jamaicana apareceu nos 400 metros, vencidos por Antonio Watson, de 21 anos apenas, e que era somente o 29.º do ranking na distância.

Ganhou em 44,22 segundos uma final que não contou nem com o campeão em título nem com o campeão olímpico, à frente do britânico Matthew Hudson-Smith (44,31), novo recordista europeu desde as semifinais.

De regresso à primeira linha, após vários anos perdidos por lesão, esteve o sul-africano Wayde Van Niekerk, para ser apenas sétimo.

O sucesso da Jamaica, na sessão da noite, acabou por deixar um pouco para segundo plano o brilharete de Espanha, no centro da capital húngara, com os vencedores dos 20 km marcha a dobrarem o seu total de ouros, nos 35 km: Álvaro Martin e Maria Perez.

A situação acaba por dar razão a quem argumenta que, na marcha, as duas distâncias não são assim tão diferentes e a dureza dos 35 km não é decididamente comparável à dos 50 km, que antes fazia parte do calendário oficial.

Sem rivais à altura, a neerlandesa Femke Bol foi mesmo a 'vencedora anunciada' dos 400 metros barreiras, redimindo-se totalmente da queda na estafeta 4x400 metros mista, que 'roubou' a medalha aos Países Baixos.

A vice-campeã do mundo de 2022 e bronze olímpico de 2021 subiu mais um patamar, para vencer em 51,70, ou seja, menos 1,10 segundos que a norte-americana Shamier Little.

A natural favorita seria a melhor atleta mundial nas barreiras, Sydney McLauglin-Levrone, dos Estados Unidos, que não se inscreveu na distância, optando de início pela distância plana, para nem sequer isso correr em Budapeste.

No comprimento, o grego Miltiadis Tentogrou, campeão olímpico, chegou ao seu primeiro ouro mundial, virando o concurso a seu favor no último ensaio, com 8,52 metros.

Atónito, o jamaicano Wayne Pinnock viu assim escapar o ouro, que pensava ter conquistado. Até então, ambos tinham 8,50, com Pinnock com vantagem sobre o grego no segundo salto... por um centímetro.

Na outra final do dia, a canadiana Camryn Rogers lançou o martelo a 77,22 e ganhou, um ano depois de ter sido segunda em Oregon2022.

Superou no pódio duas atletas dos Estados Unidos, Janee' Kassanavoid e DeAnna Price.

Mesmo sem títulos, os Estados Unidos avançaram bem no quadro de medalhas e já estão com 19 (7/6/6).

A Jamaica tem agora oito (2/3/3), mas a Espanha destaca-se nos ouros, quatro, sem medalhas de outro metal.

Por pontos, os Estados Unidos 'apontam' a quebrar a barreira dos 200 e chegam aos 185, quando ainda há no programa três dias de provas.

A Jamaica atinge os 88, à frente do Quénia, que tem 53, e da Etiópia, que está com 46, tal como a Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. A Espanha tem 43 pontos.

Com um ponto apenas, o de Liliana Cá, Portugal cai para 58.º, a par da Venezuela.