O Sporting saiu no domingo com um balanço misto dos Nacionais de clubes de atletismo, ao estender os ciclos de 13 épocas de supremacia feminina e de perseguidor masculino do rival Benfica, notou o diretor técnico Paulo Reis.

“Foi uma excelente prestação da equipa feminina, tal como já estamos habituados. Tem havido gerações de atletas que têm conquistado vitórias atrás de vitórias. Fizemos aquilo que temos feito, mesclando experiência e juventude, e aproveitámos para lançar algumas jovens, que deram excelente conta de si”, analisou à agência Lusa o dirigente, no final da 85.ª edição da competição, que decorreu durante o fim de semana em Viana do Castelo.

Perante a ausência do Benfica pela segunda edição consecutiva, as Leoas reforçaram o recorde de triunfos nas mulheres, com 53, ao ganharem 18 de 21 eventos e acumularem 188 pontos, à frente dos 107 da Juventude Vidigalense e dos 100 do Maia Atlético Clube.

Diferente desfecho teve o setor dos homens, no qual o Sporting continua a ser recordista, com 48 êxitos, mas ficou novamente pela vice-liderança, com 160 pontos, contra 170 do Benfica, que chegou à 35.ª conquista e, por consequência, estabeleceu um novo máximo de cetros seguidos, num pódio fechado pelos madeirenses do Jardim da Serra, com 92.

“Ficámos aquém do que esperávamos. Já sabemos que, em condições normais, é muito difícil ganhar, mas tínhamos estado muito perto nas últimas duas prestações e na época passada empatámos em pontos, acabando por perder por vitórias individuais. Este ano, ganhámos por meio ponto na pista coberta. Efetivamente, foi um fim de semana que não nos correu de feição. Existiam quatro ou cinco provas que podiam cair para um ou outro lado e acabaram por cair para o nosso rival direto. A meio da segunda jornada, ficámos completamente arredados do título e já nem sequer dependeríamos de nós”, considerou.

Numa visão crítica sobre a principal prova nacional de clubes, Paulo Reis acredita que “é preciso fazer algo” e “dar um passo em frente na organização e modernização” do atual formato, que vai sendo dominado nos dois géneros por Benfica ou Sporting desde 2011.

“Talvez sejamos a única modalidade que não inova ao nível das competições de clubes. Há países que não dão muita importância aos campeonatos coletivos, mas os do sul da Europa normalmente dão e Portugal alicerça a sua modalidade nesta rivalidade entre os clubes e nestas provas coletivos. Houve momentos em que se pensou e tentou dar uma nova roupagem aos Nacionais de clubes, mas, depois, falta dar aquele passo para fazer alguma coisa que seja realmente visível e que venha mudar este paradigma”, explanou.

Esta edição dividiu 48 equipas de 31 clubes por três divisões, com quase 1.000 atletas, e esteve centralizada no Estádio Municipal Manuela Machado, apesar de terem decorrido provas de lançamentos e de saltos no Jardim da Marina, no centro de Viana do Castelo.

“A promoção do atletismo é importante, mas julgo que não foi a prova ideal para este tipo de experiências. Gostei muito do espaço e faria todo o sentido para um ‘meeting’ ou para um Campeonato de Portugal. Faria igualmente sentido querer levar o atletismo para mais perto das pessoas se, por acaso, tivéssemos visto uma divulgação em grande escala ou houvesse muita população a assistir, mas o que aconteceu não foi isso. Por exemplo, a Auriol Dongmo esteve a lançar e nem tinha meia centena de pessoas a assistir”, ilustrou.