O treinador português Alberto Lário, detido em Maputo por irregularidades na documentação, foi hospitalizado após testar positivo para covid-19, disse hoje à Lusa o porta-voz dos Serviços de Migração de Moçambique.
“Quando estávamos a tratar o processo para o seu repatriamento, constatámos que ele testou positivo para covid-19. Portanto, precisamos aguardar por, pelo menos, sete dias e, neste momento, ele está isolado numa unidade de saúde”, explicou à Lusa Felizardo Jamaca, porta-voz do Serviço de Migração de Moçambique na cidade de Maputo.
Alberto Lário terá sido internado na tarde de sábado no Hospital Militar de Maputo, disse à Lusa uma fonte próxima, avançando que o estado de saúde do técnico é “estável”.
O treinador, uma figura que tem sido uma referência para novas gerações do atletismo em Moçambique, foi detido há uma semana, alegadamente por existirem irregularidades na sua documentação.
Segundo as autoridades moçambicanas, Alberto Lário está em situação de irregularidade desde 2019, ano em que o seu Documento de Identificação de Residentes Estrangeiros (DIRE) teve o seu prazo expirado.
Alberto Lário, que nasceu em Moçambique e saiu do país muito novo, tem há mais de seis anos um pedido de nacionalidade “pendente”, mas o Serviço de Migração de Moçambique considera que o técnico devia ter levantado a questão junto das autoridades às quais submeteu o requerimento, acrescentando não existir nenhuma prova deste pedido.
O técnico português, que treinou e apoia vários jovens atletas moçambicanos, conseguiu o marco de colocar Verónica José entre as melhores atletas mundiais em juniores femininos, numa aposta que contou com o apoio da Associação Portuguesa (AP) de Moçambique.
O campeonato mundial de atletismo em Sub20 em Cali, Colômbia, marcado para agosto, será a primeira grande competição internacional da corredora nos 1.500 metros, que bateu o tempo de 4.29 minutos em Braga, e tem vindo a melhorar a prestação.
A detenção do treinador, que resultou de uma denúncia feita pelo presidente da Federação Moçambicana de Atletismo, Kamal Badrú, gerou uma onda de indignação entre os atletas moçambicanos, que decidiram organizar uma marcha até ao edifício do Serviço de Migração de Moçambique na terça-feira da semana passada, exigindo a libertação do “coach Lário”, como é popularmente conhecido em Moçambique.
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