Ricardo Ribas despediu-se este domingo do atletismo internacional ao serviço de Portugal, após um desempenho insatisfatório na maratona nos Mundiais de Londres que atribuiu à falta de organização do evento.
"Infelizmente, houve uns 40 atletas que caíram numa armadilha da organização e infelizmente eu fui um deles. Tinham colocado o ‘call room' [sala de chamada] de entrada das 9:30 às 10:30 e eu fui daqueles que entrou às 9:30. A partir do momento em que entrei não me deixaram mais sair", contou.
O resultado, revelou, foi 1:15 horas dentro de uma sala sem possibilidade de fazer aquecimento para a prova, juntamente com mais cerca de 40 atletas, a quem deram depois apenas cinco minutos para aquecer antes de começar a maratona.
"Isto é impensável", lamentou o português, que garante que este procedimento não foi dado a conhecer nem aos atletas nem na reunião técnica que houve no dia anterior.
O atleta português diz que os atletas ficaram "transtornados" e "desorientados", porque a partir do momento em que não se aquece “arruma à partida a maratona".
Ricardo Ribas, o único representante luso na prova, desistiu aos 18 quilómetros, devido a dores musculares, juntando-se a outros 28 que também não completaram a prova entre os 100 que começaram.
"É anormal", denuncia, mostrando-se convencido de que muitos destes sofreram do mesmo problema de falta de aquecimento.
"É uma frustração, são três anos que abdicas de treino, de muita coisa, de não estar muito com a família, de estágios, de treino. Agora é levantar a cabeça para o futuro", desabafou.
Desiludido com a prestação, que pensava poder fazer melhor, Ricardo Ribas vai agora "refletir muito bem e falar com as pessoas certas", incluindo com a companheira, a também maratonista Dulce Félix, atualmente fora de competição por gravidez, em cujo potencial acredita.
Para já, a decisão que tomou é de retirar-se da competição internacional em representação do país, ao fim de 35 internacionalizações, durante as quais fez outros resultados de que se orgulha, ao contrário do que alcançou hoje em Londres.
"Não foi como eu queria, mas assumo que hoje foi a última internacionalização como atleta português", anunciou.
O título mundial da maratona masculina foi conquistado por Geoffrey Kipkorir Kiruiu, que terminou em 02:08.27 horas, naquele que foi o quinto triunfo queniano na distância.
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