Seis anos depois do primeiro título continental, a seleção angolana sénior feminina de basquetebol volta a Bamako, com propósito de lutar pelo resgate do troféu da 23ª edição do Campeonato Africano das Nações (Afrobasket2017), a ser disputado de 18 a 27 deste mês.
Agora orientada pelo treinador Jaime Covilhã, em substituição da dupla Aníbal Moreira/Elisa Pires, que liderou as conquistas de Bamako2011 e Maputo2013 (Moçambique), apesar da grande determinação, as angolanas não terão uma tarefa fácil na recuperação do troféu, perdido em Yaoundé2015 (Camarões), para o Senegal, onde ocupou a quarta posição.
Contra todas as previsões, na medida em que vinha rotulada de campeã, o desaire do combinado nacional, em Yaoundé, frustrou as hipóteses de chegar aos Jogos Olímpicos do Rio2016, no Brasil, depois da inédita participação de Londres2012 e Mundial da Turquia2014, em honra do país e do continente africano, que detinham a hegemonia.
Naquele período, a formação angolana era a melhor equipa africana no ranking da FIBA, organização internacional da modalidade, e ocupava já, com 82 pontos, o 18º lugar da tabela mundial.
Assim, algumas ilações foram tiradas desta epopeia, que certamente levam aos actuais dirigentes da Federação Angolana de Basquetebol (FAB), encabeçada por Hélder Cruz “Maneda”, substituto de Paulo Madeira, a corrigir e precaver-se das influências que no passado contribuíram negativamente no desempenho do conjunto.
Depois do estágio de oito dias realizado na cidade de São Paulo, Brasil, onde disputou seis partidas, a Seleção Nacional entrou na fase derradeira da preparação, tendo em vista a recuperação do cetro, que se afigura difícil em função dos propósitos também dos adversários.
No Brasil, o combinado disputou seis jogos, tendo perdido quatro, dois diante da sua congénere, por 57-63 e 55-61, e 47-67 e 60-82, frente à equipa de Santo André, da Liga de Basquetebol Feminino (LBF), o principal campeonato brasileiro. As vitórias, por 77-58 e 50-48, foram diante de São Bernardo e Bradesco, ambas da LBF.
A referida safra, bem como mais dois jogos amistosos, realizados como o misto de Luanda, na capital do país, em substituição do cancelado torneio internacional, permite cogitar, que o técnico Jaime Covilhã, tenha reunido as condições ideais à uma competição a medida dos objetivos preconizados.
Quanto as 12, com afastamentos de Rudiane Eduardo, por questões burocráticas (falta de documentos), e Joana António, mereceram confiança às jogadoras Fineza Eusébio, Italee Lucas (bases), Rosa Gala, Artémis Afonso (extremos bases), Felizarda Jorge, Sónia Guadalupe, Clarisse Mpaca (extremos), Nguendula Filipe, Ana Gonçalves (extremos postes), Luísa Tomás, Whitney Miguel e Cristina Matiquite (postes).
Em termos previsíveis, a tarefa das angolanas será espinhosa, a julgar pela ausência de executantes da craveira da poste Nadir Manuel, a extremo Nacissela Maurício, esta última que capitaneou a equipa no duplo triunfo africano. Também foi a jogadora mais valiosa (MVP) do continente, em 2011 e 2013.
Apesar das retiradas voluntarias, o grupo mesclado de jovialidade e veterania, não poderá sentir “órfão”, já que também deve contar com entradas de reforços das qualidades de italee Lucas, norte-americana naturalizada angolana, que não esteve em Yaoundé2015, por aguardar autorização da FIBA.
A jogadora nascida em Las Vegas, Nevada (EUA), que representa o Interclube, obteve em 2015 a nacionalidade angolana, foi convocada para os Jogos Africanos de Brazzaville em setembro e Afrobasket nos Camarões, mas não atuou por falta da comunicação da FIBA a confirmar a sua nova nacionalidade desportiva.
Na competição de Bamako, Angola figura no grupo A, ao lado dos Camarões, Costa do Marfim, Tunísia e Mali (país anfitrião). O grupo (B) é constituído por Senegal (campeã em título), Nigéria, Egipto, Guiné Conakri, República Democrática do Congo e Moçambique.
Em relação ao Mali, como organizador, objetivo é vencer este troféu pela segunda vez, depois do êxito de 2007, em Dakar, no Senegal. As seleções nacionais femininas do Mali, todas categorias, venceram 12 troféus em dez anos, contrariamente às equipas masculinas que não conquistaram até agora nenhuma prova continental.
O Mali acolheu pela primeira vez, em 2011, o Afrobasket feminino sénior ganho pela seleção de Angola face ao Senegal, campeã em título, que ostenta 11 conquistas.
Além da seleção angolana, o país também estará representado no evento, com o árbitro de categoria internacional, Clésio Francisco, numa indicação por parte da FIBA-Afrique. O juiz angolano vai apitar pela primeira vez uma fase final de um Afrobasket a nível de seniores.
Clésio Francisco faz parte do quinteto de juízes angolanos que ostentam as insígnias da FIBA, liderado por António Bernardo, David Manuel, Francisco Tandu e Osvaldo Neto, depois da retirada de Carlos Júlio, Domingos Simão e Fernando Pacheco "Baganha".
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