Recém-promovido à I Divisão de basquetebol em cadeira de rodas, o Basket Clube de Gaia (BCG) arrisca ter de participar na prova com material de iniciação por falta de apoios, disse hoje à Lusa o presidente.

Com um percurso singular na modalidade em Portugal, o BCG lançou no final de 2016 uma campanha de ‘crowdfunding', forma de financiamento que conta com doações da comunidade, para conseguir comprar as cadeiras de rodas e assim tornar-se no primeiro clube português na modalidade, tendo começado a competir em janeiro de 2019 na II Divisão.

Apurada no final da época 2019/2020 para a o ‘play-off' de apuramento para a subida à divisão principal, a equipa viu a chegada do novo coronavírus interromper a competição, mas acabou por ser promovida fruto de um alargamento para sete equipas do escalão maior da modalidade.

"Na época 2020/2021, sob o comando de Bruno Silva, adjunto do selecionador nacional, e com o Pedro Bártolo, subcapitão da seleção portuguesa, regressado de sete épocas como profissional no estrangeiro na equipa, a meta do BCG passa por disputar os lugares cimeiros da liga", disse Rui Dias, dirigente máximo do clube.

Com três internacionais sub-22, Miguel Reis, João Castro e Ruben Teixeira numa equipa "com imensa margem de progressão", e ainda o base da seleção nacional, Pedro Bártolo, a aposta é "terminar no top 3" do campeonato, acrescentou o responsável.

O sonho, contudo, colide com o facto de "o custo de uma cadeira de rodas desportiva de qualidade oscilar entre os 4.000 e 7.000 euros", assinalou Rui Dias, valor "impossível de atingir sem parcerias e patrocínios, pois eleva o orçamento para valores entre os 25 mil e os 30 mil euros".

"Chegámos a um patamar em que não podemos competir com cadeiras de iniciação enquanto os outros estão apetrechados com as melhores marcas", advertiu o presidente, frisando ser o basquetebol em cadeira de rodas (BCR) a "modalidade paralímpica rainha".

Com atletas de São João da Madeira e de Viseu, o apoio da Câmara de Gaia para o transporte desses jogadores "é uma ajuda valiosa, mas resolve apenas uma parte do problema", sendo que a impossibilidade de competir em igualdade de circunstâncias na I Divisão "inviabilizará anda a chegada de um outro reforço", disse à Lusa Rui Dias.

O Comité Nacional de BCR, da Federação Portuguesa de Basquetebol, aponta o início do campeonato nacional da 1ª divisão para meados de outubro, situação que preocupa o dirigente, uma vez que "no melhor dos cenários, caso consiga comprar o material, são necessários dois meses para chegar ao clube".

"Mesmo que corra tudo bem, penso que iremos começar a época a jogar com cadeiras de iniciação", lamentou o dirigente.