O antigo selecionador nacional de basquetebol, Moncho López, criticou a mentalidade de alguns dirigentes federativos da modalidade. O técnico espanhol responsável pela projeto Dragon Force, criado pelo FC Porto em 2012, após a extinção da equipa sénior de basquetebol portista, acusa alguns dirigentes da Federação Portuguesa de Basquetebol de falta de visão para o desenvolvimento da modalidade.

"Quero ajudar a mudar o basquetebol português. Estou cá para trabalhar e intervir. E custa-me ver a modalidade a decair, a perder impacto mediático e a ser ostracizada. O que é que a direção da FPB tem feito para evitar o atual declínio? Não basta atribuir as culpas à crise financeira, que é real. Acho que há na FPB alguns dinossauros agarrados ao poder", começou por dizer Monho López em entrevista ao diário A Bola.

A treinar em Portugal desde 2008, o antigo selecionador espanhol conhece bem o panorama do basquetebol português e não tem dúvidas de que a limitação de três estrangeiros por equipa tem feito decair a qualidade e a competitividade das formações nacionais.

"Subscrevo quase tudo o que o Mário Palma, o atual selecionador, opina sobre a modalidade, à exceção da questão dos estrangeiros. Esta limitação tem afetado imenso os jogadores portugueses e a própria Seleção. Não os tem ajudado a evoluir. Só se consegue melhorar a defrontar atletas e equipas mais fortes. E não se deve meter no mesmo lote de estrangeiros os norte-americanos e comunitários. Portugal deve ser o único país da Europa em que isso acontece", atirou Moncho López.

Já sobre a obrigação das equipas em inscrever no boletim de jogo o mínimo de três jogadores Sub-23, Moncho López considera a medida da FPB "ridícula" e "demagógica".

"É uma medida ridícula e demagógica. Muitas equipas são obrigadas por razões regulamentares a ter esses três jogadores no banco e depois não os utilizam. Veja-se o caso do Benfica. Qual o tempo de jogo real na equipa de seniores de atletas como o Pedro Belo, o Artur Castela e o Carlos Ferreirinho? Muito escasso... Deve ser complicado para o técnico Carlos Lisboa gerir esta situação", frisou.

Em relação ao impacto da modalidade em Portugal, o técnico espanhol de 44 anos criticou ainda a política da Federação em promover a realização de eventos importantes em territórios onde o basquetebol não tem qualquer expressão, e dá o exemplo do Sabugal.

"Desde que as câmaras paguem as despesas de organização dos eventos, a FPB aceita realizar as competições em localidades como, por exemplo, o Sabugal, onde não existe qualquer tradição ou público para ver basquetebol. O pagamento das despesas não pode ser o único critério. Temos de levar a modalidade às pessoas", começou por dizer Moncho López.

"A seleção feminina de sub-16 obteve sucesso e garantiu a subida à Divisão A do Europeu porque jogou em Matosinhos, onde há muita gente que gosta de basquetebol. O pavilhão esteve sempre cheio a apoiar a seleção", sentenciou o ex-selecionador nacional de Portugal.