Quando parecia que a inclinada e empedrada chegada a Fafe seria discutida pelos homens da geral, o monegasco de 27 anos aproveitou o exato momento em que a fuga do dia foi anulada para lançar um demolidor ataque, que lhe permitiu cortar a meta na primeira posição, já com o pelotão, liderado por Mauricio Moreira (Glassdrive-Q8-Anicolor), nas suas costas e, assim, inaugurar o seu palmarés.
“Tínhamos visto [a chegada] com o diretor, vários corredores conheciam a meta e tinham-me dito que me assentava bem. Havia uma inclinação final dura e por isso tentei”, resumiu o vencedor da oitava etapa, num castelhano colorido com ‘toque’ de francês.
Mas mais do que o triunfo do corredor da Burgos-BH, ou o segundo lugar de Moreira, que nada alterou na geral liderada pelo seu colega Frederico Figueiredo, foi a luta pela camisola verde o grande motivo de interesse da segunda etapa mais longa da 83.ª edição, que começou de forma verdadeiramente frenética: na primeira hora, foram percorridos 49,8 dos 182,4 quilómetros entre Viana do Castelo e Fafe.
Foram muitos os fugitivos temporários, mas só aos 90,5 quilómetros é que um grupo de 11 corredores, nos quais estava o incansável João Matias (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados), conseguiu, finalmente, distanciar-se.
Robin Carpenter (Human Powered Health), Óscar Pelegrí (Burgos-BH), Unai Iribar (Euskaltel-Euskadi), Jonathan Clarke (Wildlife Generation), Rafael Silva (Efapel), Jose Maria Garcia (Electro Hiper Europa-Caldas), Rafael Lourenço (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), Ivo Pinheiro (ABTF-Feirense), José Mendes (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho), João Macedo (LA Alumínios-Credibom-Marcos Car) e Matias rapidamente conseguiram uma vantagem superior a dois minutos, aproveitada pelo candidato a ‘rei dos pontos’ para destronar virtualmente Scott McGill.
O ciclista português passou na frente na meta volante de Ponte da Barca e, depois, na de Póvoa de Lanhoso, passando a somar 168 pontos, mais seis do que o norte-americano da Wildlife Generation, que no início da tirada tinha quatro de vantagem.
Assim que a margem da fuga superou os três minutos, a equipa de McGill e a Caja Rural entraram ao serviço e, a 25 quilómetros da meta, quando já só havia oito escapados na frente e Matias já tinha descaído, a diferença cifrava-se na casa dos segundos.
Robin Carpenter e Óscar Pelegrí chegaram à última subida da jornada, a quarta categoria de Golães, isolados, mas acabaram alcançados, o momento escolhido por Langellotti para atacar. O ‘pelotão’ hesitou por momentos e o monegasco tornou-se inalcançável, embora todos tenham cortado a meta com o tempo de 04:11.29 horas, com McGill a ser terceiro e a garantir ‘virtualmente’ a vitória na classificação por pontos.
“Definitivamente está perdida”, reconheceu um desiludido Matias depois de perceber que a tática de hoje foi a errada: o norte-americano tem 190 pontos e 22 de vantagem, uma ‘margem’ inalcançável – seria preciso vencer não só todas as metas volantes da nona tirada, como no alto da Senhora da Graça ou no contrarrelógio.
Ainda assim, o ‘pistard’ português da Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados sai da 83.ª Volta a Portugal com a sensação de missão cumprida e como um dos vencedores, uma vez que a sua luta com McGill foi o único motivo de interesse dos últimos dias numa edição sem emoção na luta pela geral, imutável desde a quinta etapa.
Frederico Figueiredo vai escalar, no domingo, a Senhora da Graça de amarelo, ciente de que precisaria de ganhar mais de um minuto a Moreira na nona etapa, uma ligação de 174,5 quilómetros entre Paredes e o ponto mais alto do Monte Farinha, ao qual os ciclistas vão chegar já depois de enfrentarem outras duas contagens de primeira categoria, na Serra do Marão e no Barreiro.
‘Fred’ parece não estar disposto a entregar facilmente a amarela, que tem presa ao corpo apenas por sete segundos, a diferença que tem em relação ao vice-campeão da edição 2021. Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista) é terceiro a 38 segundos, com o quarto a ser outro ciclista da Glassdrive-Q8-Anicolor, António Carvalho, que está já a 02.21 minutos.
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