Eterno ‘équipier’, o ciclista André Cardoso está feliz com o seu papel na Cannondale-Garmin, que lhe permite cumprir o legado no pelotão internacional construído pelos seus ídolos José Azevedo e Sérgio Paulinho.
Ainda André Cardoso dava as primeiras pedaladas no Paredes Rotas dos Móveis (2006) e já José Azevedo era um consagrado gregário do panorama internacional – o agora diretor da Katusha ajudou Lance Armstrong em algumas das suas sete vitórias, anuladas por `doping´, no `Tour´. E ainda o pequeno trepador de Gondomar trabalhava afincadamente para David Blanco conquistar a Volta a Portugal e já Sérgio Paulinho era um dos mais fiéis de Alberto Contador, rumo ao triunfo na Volta a França de 2009.
Por isso, ter enveredado pelo caminho do sacrifício pelos outros, primeiro na Caja Rural, depois na Garmin e agora na Cannondale-Garmin, “acaba por ser um acontecimento natural”.
“Foi um trabalho que sempre procurei. Sempre gostei de ver ciclistas como o José Azevedo e o Sérgio Paulinho, que, na altura, era quem eu acompanhava através dos canais televisivos. Valorizava muito o trabalho deles, ficava feliz por ver que eles eram pessoas honestas e faziam um trabalho honesto para os seus líderes e sempre achei que podia fazer um trabalho idêntico”, confessou à Agência Lusa.
Cardoso é um ‘équipier’ de eleição e orgulha-se de o ser. “Não é um trabalho que me faça confusão, porque sempre trabalhei no sentido de estar perto dos líderes e é com muito agrado que, por vezes, ouço a tática dos diretores e eles me põem perto do líder. Isso para mim é muito gratificante”, justificou.
Sem falsas modéstias, o ciclista de 30 anos assume-se como peça fundamental na sua equipa, tanto mais que foi um dos primeiros a renovar aquando da fusão entre a sua Garmin e a Cannondale.
“No fundo, as grandes diferenças acabam por não ser para nós, que já estávamos na equipa Garmin. As pessoas responsáveis acabam por ser as mesmas, os diretores desportivos também, há diferenças sim para os italianos que vêm para uma equipa nova. Mas têm-se integrado bem, inclusive já falam inglês e eu até gosto dele”, disse.
À Lusa, Cardoso contou que o seu calendário ainda está a ser delineado, mas que a presença no `Giro´, como lugar-tenente de Ryder Hesjedal, está já confirmada. E o `Tour´? “Não sei, não está fora de hipótese, mas [vamos] com calma. Primeiro está o `Giro´, o grande objetivo é estar bem no `Giro´ e a partir daí é sem pressão. Se fizer o `Tour´, tanto melhor, mas não é uma obsessão. Apesar de ser um sonho que tenho, não é uma obsessão para este ano”, respondeu.
Azarado com duas quedas nas duas grandes Voltas em que participou em 2014 – caiu no contrarrelógio por equipas no `Giro´ e foi 20.º, voltou a cair na `Vuelta´ e foi 25.º -, o dorsal 21 da Volta ao Algarve pede menos azar “se possível” e vai um pouco mais longe.
“Se me perguntarem se prefiro ficar nos dez [melhores] ou ganhar uma etapa, prefiro ganhar uma etapa. Ter uma oportunidade de estar numa fuga e ganhar uma etapa. Isso sim dá outro mediatismo, que não dá ficar nos 20 primeiros. Apesar de ser bom, ganhar uma etapa marca muito mais”, defendeu, antes de partir para a quarta etapa da ‘Algarvia’ que hoje sobe ao alto do Malhão (Loulé).
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