André Greipel (Lotto Soudal) foi hoje, pela terceira vez na 102.ª Volta a França em bicicleta, o ciclista mais rápido do pelotão, um feito só possível graças à experiência e à confiança adquirida desde o arranque.
Depois de bater novamente todos os ‘sprinters’ do pelotão – só não estava Mark Cavendish (Etixx-Quickstep) -, no final da 15.ª tirada, e de conquistar a sua nona vitória em cinco participações no Tour, Greipel, que até se tinha sentido mal nas últimas jornadas, apontou a experiência acumulada como o fator chave para o seu sucesso nesta edição.
“A mudança em relação aos outros anos é que tenho mais experiência. Os outros corredores procuram a minha roda. Estou pleno de confiança. Para ganhar um ‘sprint’ é preciso tomar a decisão certa, no momento certo. E, no final, é uma questão de pernas”, explicou o possante alemão, que recusa definir-se como o ciclista mais veloz, preferindo alegar que encontrou o seu ‘timing’ perfeito.
Nova etapa de transição, nova fuga numerosa. 27 aventureiros, entre os quais Alexis Vuillermoz (AG2R-La Mondiale), Thibaut Pinot (FDJ), Peter Sagan (Tinkoff-Saxo), Thomas De Gendt (Lotto-Soudal), Joaquim Rodriguez (Katusha), Adam Yates (Orica), Michal Kwiatkowski, Matteo Trentin e Rigoberto Uran (Etixx-Quickstep) ou Ryder Hesjedal (Cannondale-Garmin), tentaram a sua sorte, quase a partir do momento em que a bandeira da partida foi ondulada, e por lá se mantiveram até aos 30 quilómetros finais.
O desgaste acumulado pelos fugitivos durante os 183 quilómetros entre Mende e Valence foi encurtando o grupo, fracionando-o. Trentin atacou, Hesjedal respondeu e os dois foram os últimos a ser apanhados pela perseguição da Katusha, apostada em levar Alexander Kristoff à vitória na 15.ª etapa, e de Tiago Machado, um dos que mais trabalhou na frente do pelotão.
A acalmia que se seguiu prenunciava os ataques que se sucederam na aproximação à meta, com Zdenek Stybar (Etixx-Quickstep) a aparecer como a maior ameaça, ao sair disparado nos últimos três quilómetros e a ser apanhado à entrada dos últimos 1.000 metros, altura em que José Mendes (Bora-Argon 18) ainda tentou destacar-se.
Mas o ‘sprint’ estava lançado e o ‘Gorila’, o primeiro a tomar a dianteira, aguentou a perseguição do compatriota John Degenkolb (Giant-Alpecin) e de Kristoff, para fazer a festa.
Depois de andar em fuga, Sagan, eleito o mais combativo da jornada, ainda descobriu um caminho inexistente em pleno ‘sprint’ para furar até ao quarto lugar: “Entrei na fuga, mas ela não resultou. Sentia-me muito bem, queria ‘sprintar’, mas também não correu bem”.
Grandes protagonistas das chegadas rápidas, Greipel e o eslovaco da Tinkoff-Saxo são os mais fortes candidatos a vestirem a camisola verde em Paris – Sagan fê-lo nas últimas três edições -, mas o alemão, numa demonstração de desportivismo, acredita que a classificação dos pontos está bem entregue ao seu rival.
“Não penso que possa recuperar a camisola verde. O Peter é muito forte, entra nas fugas. Ele merece essa camisola. Eu vou-me concentrar nas etapas”, assumiu o alemão de 33 anos, que desde que se estreou na Volta a França, em 2011, já soma nove triunfos na prova francesa.
Chris Froome (Sky) teve um dia calmo em todos os sentidos. Depois de no sábado ter sido atingido com urina, hoje o camisola amarela recebeu o incentivo de inúmeros espetadores, um gesto que não deixou de notar antes de subir ao pódio como líder da geral, com 03.10 minutos de vantagem sobre Nairo Quintana (Movistar) e 03.32 sobre Tejay Van Garderen (BMC).
“Quero agradecer aos espetadores por me terem encorajado, senti imenso calor da parte do público na estrada”, revelou o britânico, que chegou integrado no pelotão, na 23.ª posição, três lugares à frente do português Nelson Oliveira.
O ciclista da Lampre-Merida, que é 72.º da geral, a 01:38.31 horas de Froome, foi o único representante nacional que não perdeu tempo: José Mendes perdeu 20 segundos e é 139.º na classificação, enquanto Tiago Machado cedeu 01.45 minutos e é 49.º.
Na segunda-feira, o pelotão enfrenta a 16.ª etapa, uma ligação entre Bourg-de-Péage e Gap, de 201 quilómetros, que antecede o segundo dia de descanso.
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