António Carvalho (ABTF-Feirense) denunciou hoje uma tentativa de destabilização ocorrida na noite de sexta-feira, com o quarto classificado da 84.ª Volta a Portugal em bicicleta a recusar revelar o que aconteceu.

“Na subida [à Senhora da Graça], vinha simplesmente a sofrer, vinha muitas das vezes com as pernas a rebentar, mas só pensava ‘tenho que fazer isto por mim’, pela minha família, pelo presidente e por todas aquelas pessoas que me apoiam e me apoiaram hoje e ontem [sexta-feira] ao final do dia”, começou por dizer.

Apesar da muita insistência dos jornalistas, que reiteradamente tentaram perceber a que se referia Carvalho, o líder da ABTF-Feirense limitou-se a dizer que “foi algo de muito grave mesmo”.

“O que aconteceu tem a ver com a minha questão profissional, tem a ver com a minha família e, acima de tudo, com a minha profissão. Não sei quem o fez, eu e a equipa e os patrocinadores devemos levar isto até às últimas consequências por ser algo tão grave, por me tentar destabilizar e aproveito para dizer, seja quem [for que] fez isso, que a Volta a Portugal não é nada mais, nada menos acima do que nós somos como pessoa”, defendeu.

Diretamente questionado sobre se a causa da desestabilização foi uma ameaça, o terceiro classificado da Volta2022 negou.

“Não foi ameaça, não vou falar mais... já ontem [sexta-feira] ao final do dia eu e o treinador estivemos a falar os dois, hoje soube o presidente, soube o patrocinador e antes da partida estivemos a falar os quatro e eles apoiaram-me a 100% e isso é que é o mais importante. Por isso, agora, posso dizer que irei pensar no dia de amanhã”, referiu.

Após ser nono no alto da Senhora da Graça, Carvalho subiu a quarto da geral, a 01.06 minutos do líder, o suíço Colin Stüssi (Voralberg), e está a apenas seis segundos do pódio, mas revelou que “durante a etapa veio muitas vezes esse tema à cabeça”.

“Estou de consciência tranquila, mas sim só pensava como é que alguém tem coragem para fazer o que fizeram a uma pessoa. Quem o fez não pode ter escrúpulos, não pode ter nada”, insistiu.

Em relação ao contrarrelógio da 10.ª e última etapa, o ciclista de São Paio de Oleiros prometeu dar tudo de si, “independentemente se faça primeiro, segundo, terceiro, 10.º ou mesmo último”.

“Disse isso a todas as pessoas que me apoiaram antes da partida de hoje, não quero saber de resultado, vou ser sincero, quero sair e dar o máximo de mim como dei hoje, cheguei aqui nos limites dos limites […] cheguei mesmo exausto”, revelou.