O espanhol Alberto Contador revelou hoje acreditar que o ciclismo mundial está a viver uma nova era, com o aparecimento do jovem colombiano Egan Bernal (INEOS), que venceu a Volta a França aos 22 anos.
"Creio que o Bernal é o início de uma nova Era. A qualidade, mentalidade e maturidade de Bernal fazem dele um corredor especial, aos 22 anos", avançou o antigo corredor, à margem da Global Sports Summit, que está a decorrer no Centro de Congressos do Estoril, em Cascais.
Além de confiar nas capacidades do colombiano, que se tornou no terceiro ciclista mais jovem vencedor pós-guerra, e o terceiro, apenas superado pelo francês Maurice Garin, em 1904, e pelo luxemburguês François Faber, em 1909, Contador confessa ter algumas dúvidas em relação ao regresso às grandes vitórias do inglês Chris Froome, que procura o quinto título no Tour.
"Creio que Froome tem capacidade para voltar ao seu nível, mas outra coisa é ter capacidade para ser mais forte do que Bernal. A questão é essa", defendeu o espanhol, de 36 anos, que detém sete triunfos nas grandes Voltas, duas no Tour, duas no Giro e três na Vuelta.
Em relação ao ciclismo português, o bicampeão do Tour (2007 e 2009) alerta para a necessidade de reflexão de uma modalidade que já deu bons corredores ao ciclismo mundial.
"O ciclismo português já foi muito forte, com o Bruno Pires, o José Azevedo e com outros grandes profissionais, mas é uma pena porque saem poucos ciclistas para o World Tour. Há que analisar o porquê de saírem poucos, mas os que saem são bons. Creio que poderiam seguir o exemplo da minha Fundação. Apostar em ciclistas juniores, trabalhar com eles até à categoria sub-23 e depois à continental. Do nosso projeto, este ano, saíram quatro corredores para o World Tour e julgo que num ano não chegaram quatro portugueses ao World Tour", defendeu.
Durante a palestra ministrada no Centro de Congressos do Estoril, Alberto Contador passou em revista as suas origens no seio de uma família humilde, a carreira desportiva, as maiores e mais importantes vitórias, com o triunfo no Tour Down Under, em 2004, a superar o êxito nas grandes voltas, uma vez que surgiu no seu regresso à competição, após ter sofrido uma grave queda, que lhe causou uma lesão cerebral.
O regresso de Lance Armstrong ao ciclismo em 2009, a suspensão por ‘doping’, em 2010, e o final de uma carreira de 15 anos com a vitória no Angliru, na Volta a Espanha, em 2017, foram outros temas abordados por Alberto Contador, que garante ter sido o final perfeito.
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