Mark Cavendish ignorou os comentários negativos e usou a experiência na Volta a França em bicicleta para estar “no máximo no momento certo”, isolando-se hoje como recordista de vitórias em etapas na prova.

“Corro o Tour há 15 anos, sei o que fazer. Não serve de nada estar a ‘acariciar’ o ego a tentar ficar no pelotão. Rio-me quando as pessoas dizem ‘ele está acabado, não vai chegar ao fim’. O melhor é ultrapassares os dias como puderes e estar no máximo no momento certo”, defendeu.

Aos 39 anos, o ciclista da Astana alarmou os espetadores logo na primeira etapa, quando descolou no pelotão na primeira das sete contagens de montanha instaladas nos 206 quilómetros entre Florença e Rimini.

O britânico chegou mesmo a vomitar em cima da bicicleta, mas, graças à sua equipa, selecionada especificamente para o ‘escoltar’ a este recorde, sobreviveu ao longo calvário, conseguindo evitar a eliminação por chegada fora do controlo logo no primeiro dia – entrou a 10 minutos do ‘fecho’.

Quatro dias depois, ‘Cav’ isolou-se como recordista de triunfos na ‘Grande Boucle’, desempatando com Eddy Merckx, com quem estava igualado nas 34 vitórias desde 2021.

“Pensávamos que podíamos ganhar pelo menos uma etapa. Foi uma grande aposta por parte do meu chefe, Alexandre Vinokourov, e da equipa […]. Conseguimos. Trabalhámos exatamente como queríamos: como compusemos a equipa, o equipamento. Todos os pequenos detalhes foram reunidos, especificamente hoje”, analisou.

Num discurso sem lágrimas, mas ‘saltitante’, uma característica permanente da sua personalidade, o sprinter da ilha de Man aludiu à oportunidade que lhe foi dada pela Astana e por Vinokourov, que lhe ofereceram mais um ano de contrato, depois de no ano passado ter sido forçado a desistir do Tour – e da demanda pelo recorde em solitário – devido a uma queda.

“Uma etapa pode definir uma carreira, mas eu sempre senti necessidade de ganhar mais uma”, disse.

Hoje, apesar de ter a corrente partida, ‘Sir’ Cavendish bateu o belga Jasper Philipsen (Alpecin-Deceuninck) e o norueguês Alexander Kristoff (Uno-X), respetivamente segundo e terceiro, para conquistar o seu 35.º triunfo na ‘Grande Boucle’, mas já pensa em mais.

“Vamos tentar, cada sprint é uma oportunidade. É a Volta a França. Não é apenas a melhor corrida de ciclismo do mundo, é o maior evento desportivo do mundo para mim”, salientou.