O espanhol Alberto Contador, vencedor de duas edições da Volta a França, disse hoje que a confissão de Lance Armstrong foi um golpe «duro» para a imagem do ciclismo, mas permitiu fechar o capítulo do passado.

«A verdade é que é algo duro para a imagem do ciclismo, mas quero ficar com o positivo que é a possibilidade de isto permitir encerrar um capítulo do passado de uma vez por todas, para que possamos concentrar-nos no presente e no futuro desta bonita modalidade», explicou o espanhol, num encontro com a imprensa antes do arranque do Tour de San Luis, na Argentina.

Contador, que perdeu a vitória na Volta a França 2010 devido a um positivo por clembuterol, frisou que é preciso deixar de lado a década passada e pensar no futuro.

«É um tema de que se fala há demasiado tempo e o que queremos é esquecer. As revelações da entrevista não apanharam ninguém de surpresa», assumiu o “dono” de cinco grandes Voltas.

Também Miguel Indurain, cinco vezes vencedor do Tour, lamentou hoje, na sua coluna no diário desportivo “Marca”, os danos que o caso Armstrong causou no ciclismo.
«O caso Armstrong fez muito mal ao nosso desporto (…) sobretudo num momento em que todos – corredores, organizadores, equipas – estão a fazer um esforço para corrigir os erros e seguir em frente», destacou.

Para o antigo ciclista, que recuperou o estatuto de recordista de triunfos na Volta a França depois de o norte-americano ter tido todos os seus resultados desportivos desde 1998 apagados, o processo contra o ex-hepta vencedor do Tour mostrou «a imperfeição dos testes antidoping».

Numa entrevista à apresentadora de televisão Oprah Winfrey, emitida na quinta-feira nos Estados Unidos, Lance Armstrong admitiu pela primeira vez que se dopou.

Armstrong venceu, entre 1999 e 2005, sete edições consecutivas da Volta a França, a principal competição velocipédica do Mundo, mas as mesmas foram-lhe retiradas pela União Ciclista Internacional (UCI), na sequência de um inquérito da Agência Antidopagem dos Estados Unidos (USADA).

As conclusões apontavam para o recurso ao doping, que sempre negara, durante quase toda a carreira e, por isso, o seu palmarés desde 01 de agosto de 1998 foi “apagado”, sendo que na quinta-feira, o Comité Olímpico Internacional (COI) também exigiu a Armstrong a devolução da medalha de bronze conquistada no contrarrelógio de Sydney2000.