A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) qualificou hoje de “desonesto e enviesado” um estudo do Observatório Automóvel Clube de Portugal (ACP), que acusa de defender os “interesses da indústria automóvel e setor das seguradoras”.

“Podemos perceber que o estudo do ACP não parece ser representativo e contém perguntas que levam ao enviesamento de respostas, parecendo ter uma metodologia de trabalho parcial. Certo é que este estudo demonstra desonestidade e enviesamento por parte do ACP”, denunciou a FPCUB, em comunicado assinado pelo presidente, José Manuel Caetano.

A federação representativa de cicloturistas e utilizadores de bicicleta condenou ainda a “falta de sentido institucional” do ACP, em carta enviada hoje ao seu presidente e aos membros do Conselho Consultivo do Observatório, uma vez que não esteve envolvida no estudo, nem recebeu qualquer comunicação sobre o assunto.

“Vem [a FPCUB] manifestar a sua estupefação pelas conclusões apresentadas pelo Automóvel Clube de Portugal, relativamente ao uso obrigatório do capacete, ao seguro obrigatório e às provas de conhecimento para a utilização da bicicleta, no âmbito de sondagem elaborada pelo seu Observatório”, lamentou o organismo.

A FPCUB, que integra o Observatório desde junho de 2016, reafirmou a posição pública contra a obrigatoriedade do seguro de responsabilidade civil para utilizadores de bicicleta e do uso do capacete, “dado que constitui um evidente desincentivo ao uso de bicicleta para curtas deslocações e a baixas velocidades”.

“A FPCUB não faz parte do Observatório ACP para branquear posições de interesse exclusivo do ACP, ou de interesses da indústria automóvel e setor das seguradoras que pretendam representar”, advertiu o organismo, que se reserva “no direito à tomada de posições mais drásticas”.

No sábado, a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) tinha anunciado o abandono do Observatório ACP, “repudiando” a realização e as conclusões de um estudo “contra a mobilidade sustentável” e acusando o grupo de não ter “qualquer credibilidade”.

Em causa está um estudo divulgado nesse dia pelo Jornal de Notícias e pela TSF, “cuja metodologia é, no mínimo, duvidosa, e a análise dos respetivos resultados é efetuada de forma parcelar, aparentemente, servindo apenas para que o ACP possa demonstrar a sua posição”, segundo a FPC.

A FPC também considerou que a utilização do capacete “não deve ser obrigatória, embora seja recomendável em diferentes contextos” e que, apesar de todos os seus filiados estarem cobertos por seguros de acidentes pessoais e de responsabilidade civil, “os mesmos não devem ser obrigatórios”.