Filipe Cardoso (Efapel-Glassdrive) é o acrobata da 76.ª Volta a Portugal, uma espécie de Peter Sagan do ciclismo português, com os seus vídeos de malabarismos, dentro e fora de casa, a baterem recordes de visitas no Youtube.
Se pensam que uma bicicleta de estrada serve apenas para participar em provas, é porque nunca ouviu falar de Filipe Cardoso e dos seus populares vídeos malabaristas.
“Eu desde muito novo que comecei a pedalar e acho que, como qualquer miúdo, comecei a brincar com a bicicleta. Por norma, essas brincadeiras passam com a idade e parece que comigo isso não aconteceu. A idade não fez com que o gosto por essas pequenas brincadeiras passasse. Pelo contrário, acho que se agravaram e continua-me a dar prazer, de vez em quando, brincar com a bicicleta”, confessou, envergonhado, à agência Lusa.
Não é por acaso que o ciclista da Efapel-Glassdrive é apelidado de Peter Sagan português. Tal como o prodígio eslovaco, conhecido pelas suas acrobacias na bicicleta, também o dorsal 54 gosta de mostrar ao público que “o ciclismo não é rígido, que não é só pedalar para a frente”.
Mas não espere ver todos os dias vídeos acrobatas publicados no Facebook ou no Youtube, porque, segundo Filipe Cardoso, as gracinhas são “algo espontâneo, que sai de vez em quando”.
“Hoje em dia, acho que é um bocadinho isso que as pessoas procuram quando seguem um atleta. Não é os resultados das corridas que as pessoas querem saber, porque isso leem nos jornais e veem nos sites oficiais das corridas”, começou por dizer.
O corredor de Santa Maria da Feira sabe que “as pessoas, quando seguem um atleta ou uma equipa de ciclismo, querem ver algo mais do que se passa nos bastidores, como é o dia-a-dia de um ciclista”.
“A prova disso é que, cada vez que coloco algo desse género disponível online, os likes disparam e os comentários também. Só não coloco mais vezes porque não posso andar todos os dias a fazer isso, porque...”, disse.
Interrompido com uma questão sobre possíveis “puxões de orelha”, Filipe Cardoso reconheceu que do diretor desportivo Carlos Pereira “nem tanto”, mas que do mecânico leva algumas reprimendas.
Mas o reparador da sua bicicleta não é o único que não gosta das suas “invenções”. Uma vez, resolveu testar as acrobacias dentro de casa e o resultado não foi o melhor.
“Nesse dia a mulher não estava em casa, mas depois de ver o vídeo não achou muita piada e queixou-se das marcas do parquet, porque ficaram algumas da borracha dos pneus. Pensei que as tinha tirado todas, mas acabaram por ficar algumas mais difíceis de sair e acabei por levar nas orelhas também da mulher. Mas os likes estão lá, os comentários também. Acho que valeu a pena”, assumiu bem-disposto.
Apesar de recomendar aos adeptos que tentem tamanhas façanhas em casa, o homem rápido da Efapel-Glassdrive defende que aquilo que faz é plenamente seguro.
“Posso dizer que já tive quedas feias. O ciclismo, infelizmente, é fértil em quedas, mas, de todas as quedas que tive, nenhuma foi a fazer estas brincadeiras com a bicicleta. Foram todas a fazer ciclismo a sério. Apesar destas coisas parecerem perigosas, são coisas minimamente controladas. Em momento algum sinto que estou a correr um risco. Estou a fazer uma coisa que, mais ou menos, sei e não estou a por em risco a minha vida profissional”, assegurou.
Questionado sobre se, no alto da Torre, será capaz de imitar os cavalinhos que Peter Sagan, o três vezes vencedor da camisola da regularidade da Volta a França, fez nas montanhas do Toru, Cardoso deixou uma promessa.
“Isso vai depender do fôlego com que eu chegar lá e do trabalho que eu tiver de fazer nesse dia. Fica prometido que, se por acaso, vier num grupeto e já vier a recuperar para o dia seguinte, se vocês estiverem bem colocados ou se me conseguirem avisar com antecedência, faço um”, prometeu.
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