João Almeida (UAE Emirates) reiterou hoje a ambição de estar no pódio final da 106.ª Volta a Itália em bicicleta e garantiu que o abandono de Remco Evenepoel, infetado com covid-19, não altera em nada a sua estratégia.
“Quero terminar no pódio e, neste momento, não estou no pódio. Mas, por agora, estou feliz”, resumiu o ciclista português, numa videoconferência de imprensa promovida pela UAE Emirates, no primeiro dia de descanso do Giro.
Cumpridas nove etapas, João Almeida ocupa a quarta posição da geral individual, agora comandada pelo britânico Geraint Thomas (INEOS), depois de o anterior líder, o belga Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step), ter abandonado no domingo a ‘corsa rosa’ na sequência de um teste positivo à covid-19.
“Os primeiros nove dias foram muito bons. No papel, não pareciam tão difíceis, mas fisicamente foram dias duros. Por isso, penso que, no geral, foi [uma primeira semana] boa”, resumiu o corredor de A-dos-Francos (Caldas da Rainha), que está a 22 segundos do novo camisola rosa.
Identificando as condições meteorológicas como principal obstáculo da primeira semana, Almeida considera que está onde “era expectável que estivesse”, até porque “os dias mais difíceis ainda estão para vir”, com o grau de dificuldade do Giro em crescendo até ao final, agendado para 28 de maio, em Roma.
“As decisões vão ser feitas na última semana, até lá nada está ganho ou perdido”, salientou, assegurando que não mudaria nada no seu percurso no Giro até agora.
Numa conferência de imprensa em que o abandono de Evenepoel foi uma constante, o quarto classificado do Giro2020 assumiu que a corrida italiana fica “mais pobre” com a ausência do campeão mundial de fundo.
“Vai mudar muito. Obviamente, era um dos principais candidatos à vitória no Giro e a Soudal Quick-Step também tinha uma equipa forte. A partir de agora, penso que a corrida será definitivamente diferente, mas a minha abordagem não vai mudar, com ou sem o Remco”, garantiu.
Para o luso da UAE Emirates, com o campeão da Vuelta2022 em prova “a corrida seria mais disputada e talvez com mais surpresas”, o que até poderia ser benéfico para si.
“Sem o Remco, se calhar vai mudar um pouco em termos de tática. Muitas equipas devem ter uma abordam diferente. A INEOS vai ter uma camisola para defender e controlar. Uma camisola com dois candidatos à geral, que estão muito bem posicionados. Acho que vai ser diferente. Se calhar, vamos ter uma Jumbo atacante em alguns dias. Infelizmente, não têm a melhor equipa para isso, tiveram bastantes vítimas de queda e covid, mas devem tentar fazer o melhor que conseguirem”, perspetivou.
Almeida tem identificados os seus principais concorrentes na luta pelo pódio, apontando Thomas, o esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma), que é segundo a dois segundos do camisola rosa, o também britânico Tao Geoghegan Hart (INEOS), terceiro a cinco segundos, e ainda o russo Aleksandr Vlasov (BORA-hansgrohe) e o italiano Damiano Caruso (Bahrain Victorious), respetivamente sexto e sétimo da geral, como homens a ter ‘debaixo de olho’.
Os ciclistas da INEOS são mesmo, na opinião do campeão nacional de fundo, as grandes surpresas da primeira parte desta Volta a Itália, já que os outros favoritos “estão a cumprir” com as expectativas.
Almeida, que elogiou o trabalho dos seus colegas sem deixar de recordar que é o plano A da sua equipa, também não excluiu movimentações por parte da UAE Emirates nos próximos dias, seja em etapas planas ou de montanha, com o objetivo de ganhar tempo.
“Nós, se tivermos um dia que seja propício taticamente a atacar, também vamos fazer alguma coisa. Claro que vamos tentar. Depende da etapa e da situação em si”, completou.
O quinto classificado da última Vuelta e sexto do Giro2021 abordou ainda o recrudescimento de casos de covid-19 no pelotão, defendendo que há que ser cauteloso e lembrando que “já chegou” ter sido forçado a abandonar a passada edição da ‘corsa rosa’ por ter contraído a doença.
“Não quero ser o próximo a abandonar por covid, o ano passado já chegou”, disse.
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