Quatro etapas, sete minutos sobre o segundo classificado e 16 dias de amarela é o balanço com que o ciclista italiano Vincenzo Nibali sai dos Pirenéus, depois de ter vencido hoje a 18.ª etapa do Tour.

Arrasador é a melhor palavra para descrever o italiano da Astana ao longo desta Volta a França: hoje, mesmo sem precisar, atacou os adversários da geral, rumo à quarta vitória de etapa, no alto do Hautacam, contagem de primeira categoria que sinalizava o fim do périplo pirenaico e da alta montanha, e à maior diferença de um primeiro para um segundo na geral desde o Tour2002.

Nibali, que ainda venceu as segunda, 10.ª e 13.ª etapas, tem 7.10 minutos de vantagem sobre Thibaut Pinot (FDJ), uma margem que é preciso recuar 12 anos para encontrar – em 2002, Lance Armstrong, que entretanto viu os seus triunfos na prova anulados devido a doping, acabou com 7.17 de diferença para o espanhol Joseba Beloki.

“Queria vencer a etapa pela equipa, que trabalhou tão arduamente para mim. Era importante ganhar nos Pirenéus, nem pensei na classificação geral”, garantiu o “Tubarão do Estreito”, que, depois de 3:35.23 horas a pedalar, só pensava que na sexta-feira poderá, finalmente, ter uma etapa descansada.

Ainda não estavam percorridos 20 quilómetros desde a partida em Pau e já 20 corajosos se reuniam para enfrentar em fuga os 145,5 quilómetros da 18.ª etapa. Eram eles Mikel Nieve (Sky), Jesus Herrada e Jon Izaguirre (Movistar), Yuriy Trofimov (Katusha), Alessandro De Marchi e Marco Marcato (Cannondale), Lars Boom (Belkin), Jan Bakelants (Omega Pharma-Quickstep), Blel Kadri (AG2R), Matthieu Ladagnous (FDJ), Daniel Oss (BMC), Bryan Coquard, Kévin Reza e Thomas Voeckler (Europcar), Julien Simon (Cofidis), Sylvain Chavanel e Marcel Wyss (IAM Cycling), Bartosz Huzarski (NetApp-Endura) e Florian Guillou (Bretagne Séche-Environment).

Entre os fugitivos, tal como andava a prometer há vários dias, mais precisamente desde que foi repescado pela organização à décima etapa, estava Tiago Machado. O aguerrido português da NetApp-Endura foi derrotado pelo mítico Tourmalet (hoje, escalou-se pela 69.ª vez em 101 edições), perdendo contacto com a frente da corrida, assumida por Kadri e Nieve, durante a longa subida.

O duo trabalhou na perfeição, mantendo o grupo dos favoritos à distância, até que, nas rampas mais duras rumo ao topo do Hautacam, Nieve deixou o seu companheiro da AG2R e partiu com o triunfo de etapa e a salvação de honra da Sky em mente.

O esforço do basco foi em vão, porque, lá atrás, o veterano Chris Horner (Lampre-Merida) mexeu a corrida e levou na roda o camisola amarela, que o atacou logo de seguida, obrigando Rafal Majka (Tinkoff-Saxo) a lançar-se na defesa da classificação da montanha e a Movistar, pela primeira vez em 18 etapas, a assumir as despesas de perseguição para tentar salvar o segundo lugar da geral de Alejandro Valverde.

Mas a estratégia conservadora da equipa espanhola e do seu líder, que nunca atacou a corrida e se limitou a minimizar as diferenças para os adversários nas etapas de montanha, de modo a chegar ao contrarrelógio com uma margem que lhe garantisse o segundo posto em Paris, foi penalizada por um inconformado e ambicioso Thibaut Pinot, que lançou um ataque e levou consigo o compatriota Jean-Christophe Péraud (AG2R) e o norte-americano Tejay Van Garderen (BMC).

O trio foi quem mais beneficiou da subida ao Hautacam, já que Pinot é agora segundo na geral e Péraud terceiro, com o espanhol da Movistar, décimo na etapa a 01.59 minutos, a cair para a quarta posição.

Na sexta-feira, o pelotão tem pela frente uma etapa de transição, entre Maubourguet Pays du Val d'Adour e Bergerac, no total de 208,5 quilómetros, antes do último dia decisivo, o contrarrelógio de sábado.