Cinco jornais europeus publicaram hoje um manifesto para reformar o ciclismo na sequência do caso Lance Armstrong, com o argumento de que a modalidade está atolada numa «terrível confusão».

O britânico “The Times”, o francês “L’Équipe”, o italiano Gazzetta dello Sport e os belgas Het Nieuwsblad e Le Soir juntaram esforços para promover um manifesto de oito pontos com o objetivo de reparar a reputação do ciclismo «antes que seja demasiado tarde».

«O ciclismo profissional precisa de uma reforma fundamental. O ciclismo profissional é, abreviadamente, uma terrível confusão», defendeu o “The Times” no seu editorial.

De acordo com o documento, «as autoridades da modalidade perderam toda a credibilidade e não pode haver um recomeço sem um afastamento radical daqueles que estão associados e são responsáveis por um regime que permitiu a batota sob a sua vigilância».

O manifesto, que pede um escrutínio às estruturas, regras e líderes do panorama velocipédico, surge na sequência da adoção por parte da União Ciclista Internacional (UCI) das sanções da Agência

Antidopagem norte-americana (USADA), que baniu Lance Armstrong por doping e distribuição de substâncias proibidas, anulando todos os resultados desportivos obtidos naquele período, incluindo os sete triunfos consecutivos no Tour entre 1999 e 2005.

Nos oito pontos do «Manifesto por um ciclismo credível», os cinco jornais, descritos como apaixonados pela modalidade, pedem que a UCI reconheça a sua responsabilidade no caso Armstrong e apelam à criação de um comissão independente para investigar a responsabilidade e possível cumplicidade da organização nos sucessivos escândalos de doping.

O documento exige também que as suspensões para casos de doping graves sejam mais severas e incluam uma cláusula que não permita que um «condenado» por seis meses assine por uma equipa nos dois anos seguintes.

O apelo não esquece também os patrocinadores, que deveriam estar mais envolvidos com a organização das formações, nem a Agência Mundial Antidopagem (AMA), que deveria tutelar, em conjunto com as federações nacionais, todos os controlos realizados nas principais corridas.

O manifesto propõe ainda uma reforma no WorldTour, no seu sistema de pontos, «que permanece fechado e opaco».

«Nós propomos que as licenças não sejam atribuídas aos diretores, mas aos patrocinadores», pode ainda ler-se no texto, que concluiu com a sugestão de um colóquio de ciclismo no início da época de 2013, de forma a definir uma nova organização e novas regras.