A queda de Lance Armstrong arrasta consigo a imagem de uma equipa, na qual correu o português José Azevedo, que fez escola no pelotão e na Volta a França em bicicleta no início da década de 2000.

As 164 páginas do relatório enviado pela Agência Antidopagem, assim como as 1.000 páginas em anexo, relatam detalhadamente como funcionava o esquema de dopagem dentro da equipa US Postal, posteriormente Discovery Channel.

Sob a batuta de Johan Bruyneel, escolhido especificamente para o cargo pelo verdadeiro patrão da equipa, Lance Armstrong, os ciclistas da equipa mais demolidora do pelotão entre 1999 e 2005 preparavam o grande objetivo da época, de forma meticulosa, que incluía o recurso ao doping.

Se o «cérebro» foram o norte-americano e o seu mentor belga, os responsáveis pela ação foram os médicos espanhóis Pedro Celaya e Luis Garcia del Moral, além do treinador da equipa Jose “Pepe” Marti.

Os corredores da US Postal utilizavam eritropoietina (EPO), testosterona, hormonas de crescimento e cortisona, segundo testemunharam os antigos companheiros George Hincapie, Tyler Hamilton, Frankie Andreu e Jonathan Vaughters, e Emma O'Reilly, uma funcionária da equipa.

Hincapie relatou à USADA um episódio em que «depois de uma etapa do Tour 2004, transfusões sanguíneas foram feitas no autocarro da equipa a grande parte dos corredores».

Os nomes de alguns, neste caso os ciclistas que não estão sujeitos a jurisdição da USADA, ou seja os não norte-americanos, estão ocultados do depoimento de Hincapie, assim como das restantes testemunhas do processo.

Na página 71, Levi Leipheimer reforça o testemunho, dizendo que, em 2005, enquanto procedia a uma transfusão sanguínea na companhia de Floyd Landis, este lhe contou «um incidente no Tour 2004 em que toda a equipa US Postal recebeu transfusões no autocarro da equipa após uma etapa».

José Azevedo foi o único ciclista português a merecer o papel de fiel escudeiro de Lance Armstrong, ajudando-o na conquista dos seus dois últimos títulos no Tour, em 2004 e 2005.

Em 2004, o português alcançou o seu melhor resultado de sempre na prova francesa, terminando em quinto na geral individual.