Os ciclistas da LA-Antarte trocaram esta quarta-feira os pedais e a preparação física habitual por um exigente treino militar, que os levou ao extremo na preparação para a temporada de 2016.

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Na manhã silenciosa do Crato, 10 bicicletas alinhadas e os respetivos sapatos denunciam a presença dos ciclistas convertidos em tropas por quatro dias. Ao tiro de partida, eles surgem, cara pintada de negro, passo apressado, para responder à chamada do major Rui Bernardo.

Observados por um ‘drone’, Alejandro Marque, Amaro Antunes, Bruno Silva, Hernâni Broco, Hugo Sancho, Leonel Coutinho, Luís Afonso, Nuno Meireles e Pedro Paulinho, ou seja, os nove corredores da LA-Antarte para a próxima temporada e o convidado Vítor Gamito respondem ao comando, correndo para as bicicletas.

O recém-chegado galego, vencedor da Volta a Portugal de 2013, é o primeiro a arrancar para o traçado de BTT. Entre as vinhas, ao longe, ouvem-se os cânticos, mas os dez novos tropas só minutos depois deixam de ser um ponto no horizonte para se tornarem silhuetas concretas e ofegantes.

Mas as ordens não param: novo percurso no carrossel da Herdade da Rocha, entre as videiras despedidas e as pedras, a desembocar na prova de canoagem, em que a embarcação de Marque, com a voz de comando de um Leonel Coutinho certeiro ("esquerda, direita, esquerda"), bateu por larga margem a concorrência.

Só que no ciclismo é a estrada quem manda - mesmo que a estrada sejam trilhos de terra batida - e, no início da travessia da ribeira, já todos seguiam juntos, prontos a acartar ao ombro pesados troncos, que ‘afundaram’ os mais pequenos até ao peito.

Salvos do suplício da água, os dez ‘guerreiros’ enfrentaram a última pista de obstáculos, rastejando, saltitando entre pneus, fugindo ao fogo da fogueira improvisada até alcançarem o alvo, dois ‘inimigos’ desenhados em cartão, que ‘abateram’, apesar da expectável falta de pontaria.

"Acho que é uma experiência única, benéfica para a união do grupo", defendeu Amaro Antunes, para quem "tudo" é difícil.

O "tudo" de que o corredor algarvio, décimo na Volta a Portugal deste ano, fala são as sessões de treino noturno, que na madrugada de hoje lançaram os ciclistas para o gelo da piscina da Herdade da Rocha, com a pouca roupa que tinham no corpo.

"Este treino tem demonstrado que o espírito de grupo e sacrifício fica fortalecido. Fizemos aqui há dois anos e este ano voltámos a repetir e assim continuaremos", garantiu Mário Rocha, o diretor desportivo da equipa.