O ciclista norte-americano Jason McCartney, antigo companheiro de Lance Armstrong, considerou hoje que o sete vezes vencedor da Volta a França estava «cansado de lutar» e por isso desistiu de lutar contra as acusações de doping que o perseguiam.

«Acho que ele estava cansado de lutar. Foram muitos anos e ele quer continuar com a vida dele», disse Jason McCartney (UnitedHealthcare), vencedor da sexta etapa da Volta a Portugal e antigo companheiro do norte-americano, primeiro na Discovery Channel e depois na RadioShack.

O norte-americano, vencedor de sete edições consecutivas do Tour, fez saber hoje que desistia de lutar contra as acusações de dopagem, e a Agência Antidopagem dos EUA (USADA) anunciou que a decisão do antigo ciclista teria como consequência a perda dos sete títulos da Volta a França e a irradiação da modalidade.

Para Jason McCartney, o impacto da notícia não vai acabar com o ciclismo, afirmando que as pessoas «vão continuar a pedalar» e lembrando que a modalidade «está na frente da luta contra o doping».

«Os outros desportos olham para nós como exemplo, fomos pioneiros no passaporte biológico, somos controlados 24 horas por dia. [Armstrong] Está cansado, tem cinco filhos, tem uma vida e quer vivê-la», sublinhou McCartney.

Já o colombiano Vítor Hugo Peña, da Colombia/Goldeportes, antigo US Postal, gregário em quatro das sete vitórias do norte-americano no Tour, não quis comentar o assunto.

O português Hugo Sabido, camisola amarela, considerou que para o ciclismo «é um aspeto negativo», lembrando que os investidores «que amam a modalidade ficam receosos».

O atual camisola amarela acrescenta que este processo «é um fenómeno de aproveitamento da imagem de Armstrong».

«Era e sou fã dele, o meu primeiro grande ídolo foi o Miguel Indurain e depois o Armstrong, eram muito diferentes, mas são dois grandes campeões», frisou o homem da LA Alumínios/Antarte.

Também Joaquim Gomes, diretor da prova rainha do ciclismo português, e que chegou a correr na mesma altura do norte-americano, considera que «há uma espécie de caça às bruxas».

«Não era um particular apreciador dele, mas a forma como tem decorrido este processo contra um corredor que marcou uma geração e o ciclismo acaba por ser nefasta. Quem paga é o ciclismo no seu todo. Já fizemos a travessia no deserto e espero que o futuro seja mais risonho», afirmou.