Milhares de pessoas rumaram esta sexta-feira a pé, debaixo de um sol escaldante, à montanha de Santa Luzia, em Viana do Castelo, para assistirem à chegada dos ciclistas, terminando a viagem literalmente de língua de fora.
«Foi muito difícil porque está muito calor», explicava Sónia Parente, depois de subir os 742 degraus do escadório que liga a cidade de Viana do Castelo ao topo da montanha, onde está instalada a meta da segunda etapa da Volta a Portugal.
De mão dada ao filho Guilherme e ao marido, José Paulo, confessa que o «sacrifício» de vários minutos sempre a subir, percurso que a população local repete uma vez por ano na tradicional peregrinação àquele santuário, «valeu a pena».
«Normalmente costumo ver a volta pela televisão, mas este ano é muito especial porque está na nossa terra e num sítio magnífico», atira, perante a garantia do marido, ainda ofegante: «Custa, mas faz-se bem».
É que para permitir a subida dos ciclistas, nos três quilómetros finais entre a cidade de Viana do Castelo e o santuário de Santa Luzia, no topo da montanha, o acesso automóvel está cortado desde o início da tarde.
Em alternativa a viagem pode ser feita de funicular, sentado, em sete minutos. O único senão era mesmo a fila com dezenas de pessoas a aguardar por uma vaga.
Por isso mesmo, pela estrada, em ziguezague, ou pelo escadório, Viana foi a pé a Santa Luzia para ver a volta passar.
«Custou um bocado, mas quando se gosta não cansa», tentava explicar Rosa Correia, ao fim de mais de 20 minutos de caminhada, monte a cima.
Habituada ao percurso, levou a sobrinha a ver a volta.
«Não estava a contar com esta estafa. A última vez que fiz esta caminhada ainda era muito pequena, não me lembrava», admitia, visivelmente esgotada, Cláudia Correia, de 16 anos.
Já Luís Silva viajou de Braga até Viana do Castelo, de carro, de propósito para cumprir o ritual de ver a volta passar.
Os últimos três quilómetros foram estrada fora, a pé e, garante, «com muito calor».
«Vim devagar, foi aí uma meia hora. A estrada faz-se bem, melhor do que pelo escadório», atirava, enquanto aproveitava a sombra para descansar.
Enquanto isso António Cerqueira tentava garantir o ânimo para o último lance de escadas, antes do santuário: «Vamos embora que lá em cima está a dar sandes de fêveras e vinho verde».
Os 153 ciclistas da 75.ª Volta a Portugal enfrentam hoje o primeiro desafio, no final da segunda etapa, cuja meta coincide com o alto de Santa Luzia, em Viana do Castelo.
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