O processo da “Operação Puerto”, o maior caso de dopagem a afetar o ciclismo na última década, começará a ser julgado a 28 de janeiro de 2013, anunciou hoje o Tribunal Superior de Justiça de Madrid.
O julgamento de sete pessoas, acusadas de ter organizado uma vasta rede de dopagem sanguínea e nas quais se incluem o médico Eufemiano Fuentes e três ex-diretores desportivos de equipas de ciclismo, durará até 22 de março.
Fuentes, o médico acusado de estar no centro da rede de dopagem, a irmã Yolanda, igualmente médica, tal como José Luis Merino e Alfredo Córdova, e os técnicos Manolo Saiz, José Ignacio Labarta e Vicente Belda são acusados de delito contra a saúde pública, pelo qual enfrentam penas de até dois anos de prisão.
Entre as testemunhas estará o espanhol Alberto Contador, recente vencedor da Vuelta2012, e o italiano Ivan Basso, que cumpriu dois anos de suspensão pelo seu envolvimento na “Operação Puerto”.
Do lado da acusação, de que fazem parte a União Ciclista Internacional (UCI), a Agência Mundial Antidopagem (AMA) e o Comité Olímpico Italiano (CONI), serão chamados todos os ciclistas que fizeram parte da extinta equipa Liberty, assim como o italiano Michele Scarponi, vencedor do Giro 2011, por desclassificação de Contador.
O Ministério Público vai pedir dois anos de prisão e inabilitação profissional durante igual período para Eufemiano e Yolanda Fuentes, Merino, Saiz e Labarta, por «práticas tendentes a elevar artificialmente o rendimento físico de ciclistas», detetadas em 2006 no decorrer da "Operación Puerto".
Os implicados são acusados de executar um processo de manipulação de sangue, que consistia na preparação de concentrações de eritrócitos com um alto nível de hematócrito - para aumentar o rendimento físico - que posteriormente eram administrados nos desportistas, por transfusão, o que, segundo o procurador, "punha em perigo a saúde" dos atletas, já que aumentava a viscosidade do sangue e, por consequência, o esforço do coração.
Durante as provas, diz o MP, as transfusões eram feitas em quartos de hotel «sem as necessárias garantias higiénico-sanitárias». O material era transportado «em mochilas sem qualquer refrigeração e sem identificação clara das amostras, nem praticando os pertinentes controlos hematológicos».
Parte do material foi confiscado nas buscas realizadas nos apartamentos de Fuentes e Merino a 23 de maio de 2006, dia em que ambos foram detidos juntamente com Merino, Labarta e León.
O processo decorrente da "Operação Puerto" foi reaberto em fevereiro de 2008, por ordem da Audiência Provincial de Madrid, que avaliou os recursos da Procuradoria e da Advocacia do Estado contra o arquivamento decretado em março de 2007 pelo Tribunal de Instrução número 31 de Madrid.