A ciclista belga Lotte Kopecky conquistou hoje, pelo segundo ano consecutivo, a corrida feminina de fundo dos Mundiais, com as portuguesas Daniela Campos e Ana Caramelo a não terminarem.

A defender a camisola arco-íris conquistada em 2023, Kopecky recuperou da desilusão da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos Paris2024 e impôs-se ao sprint num grupo reduzido no final dos 154,1 quilómetros, entre Uster e Zurique.

A dureza do percurso, em especial do circuito final em Zurique, e as difíceis condições atmosféricas, com chuva e frio, fizeram com que o Mundial fosse discutido por apenas seis ciclistas, com a belga a vencer em 4:05.26 horas, o mesmo tempo da norte-americana Chloé Dygert e da italiana Elisa Longo Borghini, segunda e terceira, respetivamente.

“Estava a chover, estava frio. A três voltas do final estava a congelar, mas tentei manter a calma. Quando a Demi [Vollering] atacou na subida mais longa, passei mal, mas recuperei o meu ritmo. No final, foi lutar com os nervos. Era preciso manter a calma e usar a força no momento certo”, disse a bicampeã mundial.

Para a belga, de 28 anos, este foi o culminar de uma grande temporada, em que somou, entre outros, triunfos na Volta à Romandia, no Paris-Roubaix e na Strade Bianchi.

A grande derrotada foi a seleção dos Países Baixos, com as suas ciclistas a atacarem-se mutuamente, com Demi Vollering, uma das grandes candidatas ao triunfo, a terminar apenas quinta, depois de uma aceleração sua ter afastado da discussão duas das suas compatriotas, entre as quais Marianne Vos, a melhor sprinter do grupo da frente.

Esta foi a segunda grande desilusão da temporada para Vollering, que perdeu a Volta a França por apenas quatro segundos para a polaca Katarzyna Niewiadoma.

Chloé Dygert e Elisa Longo Borghini subiram pela segunda vez ao pódio nestes Mundiais, depois de a norte-americana ter sido terceira no contrarrelógio individual e a italiana conquistado igualmente o bronze na estafeta mista de contrarrelógio.

Regressada à estrada, 10 anos depois do seu título mundial em 2014, a francesa Pauline Ferrand-Prévot, medalha de ouro olímpica no ‘cross country’, acabou por desistir cerca de 50 quilómetros após a partida.

Entre as portuguesas, a olímpica Daniela Campos ainda passou no grupo da frente no final da primeira volta, mas acabou por ficar para trás nas duras rampas do circuito e foi forçada a abandonar quando estava a cerca de 15 minutos da frente.

“Sinceramente, estou desiludida, mas deixei na estrada tudo o que tinha. As sensações, nas últimas semanas, não têm sido as melhores. Julgo que estou a acusar a fadiga de uma época muito longa”, disse Daniela Campos, citada pela Federação Portuguesa de Ciclismo.

Menos rodada junto do pelotão internacional, Ana Caramelo ficou mais cedo atrasada e, a cerca de 13 minutos do grupo da frente, teve de desistir, tal como todas as ciclistas que seguiam no seu grupo.