Quarenta e cinco segundos parece tão pouco, mas é tanto, alertou hoje Henrique Casimiro (Efapel), o segundo da geral que quer ganhar no domingo a 84.ª Volta a Portugal em bicicleta.

“Quarenta e cinco segundos parece tão pouco, mas é tanto, principalmente para um contrarrelógio, onde dependemos só de nós. Hoje, consegui chegar ao segundo lugar, mas pouco fiz. A minha equipa esteve fenomenal, fizemos um trabalho espetacular. […] Eu e os meus adversários também acho que deixámos tudo na estrada. Foi uma luta até ao risco de meta, mas eles foram mais fortes, não consegui eliminar essa desvantagem”, analisou.

Na nona etapa, Casimiro foi o mais inconformado entre os adversários de Colin Stüssi (Voralberg), subindo três posições até ao segundo lugar, a 45 segundos do camisola amarela.

“Todos os dias lutamos para subir, nem que seja um lugar, para eliminar um segundo, porque as contas fazem-se no fim. Isto é quem fizer a Volta em menos tempo e, por isso, subir estes lugares… queríamos chegar à amarela, é verdade. Fizemos tudo para chegar”, notou.

O alentejano de 37 anos, cujo melhor resultado na prova é o sétimo lugar na edição de 2016, garantiu que trabalha todos os dias para ganhar. “É claro que sou realista e sei que um top 10 é possível, um top 5 para mim seria excelente. O pódio é um sonho. Mas é um sonho que trabalho para ele”, sustentou.

“Amanhã [domingo], acho que todos vamos partir com o pensamento de deixar o resto que temos na estrada. Mas, teoricamente, tenho adversários, tanto atrás de mim, como o próprio camisola amarela, que são muito fortes no contrarrelógio, mas vimos de uma Volta muito desgastante, em que frescura física vai contar muito. Por isso, amanhã é fechar os olhos e dar o máximo. E, no fim, faz-se as contas”, acrescentou.

Casimiro diz sentir “muito mais confiante”, depois de, ao longo da época, ter atravessado “algumas fases também menos boas, com alguns problemas físicos”.

“Se calhar, até foi bom, porque eu sou muito exigente comigo próprio e quero estar sempre bem. E gosto de fazer sempre uma época muito regular. E a saúde não me permitiu estar em certas das alturas a 100% e, se calhar, cheguei aqui com uma frescura de que não estava à espera. E agora é muito gratificante ver esse trabalho aparecer”, avaliou.

O líder da Efapel considerou que Colin Stüssi será uma incógnita no contrarrelógio de Viana do Castelo.

“O camisola amarela, já pelas acelerações que tinha dado e pelo que tinha demonstrado nas etapas anteriores, ao assumir, às vezes de partida, quando ficava sem equipa, demonstrou ser muito forte. Aliás, foi um atleta que também já tínhamos estudado, é um atleta que é muito forte nas gerais. Nos contrarrelógios, temos poucas referências dele. Mas, hoje, demonstrou que é o atleta mais forte em prova e teve uma equipa também à altura, controlaram muito bem. Aliás, eles têm a melhor equipa, trouxeram os melhores atletas, eles vieram preparados para ganhar a Volta”, admitiu.

Casimiro analisou ainda o perfil do ‘crono’, que termina com uma subida de três quilómetros ao Santuário de Santa Luzia.

“Se tiver frescura física, [subida a Santa Luzia] pode-me beneficiar, embora seja uma subida em paralelo, porque obviamente com o meu peso… favorece atletas mais possantes, no caso do [Artem] Nych ou outros atletas, que se defendem bem no contrarrelógio. Mas, como eu disse, chegamos ao último dia e é uma questão de frescura física e espero que todos estejam mais cansados que eu”, concluiu.