![Reportagem: O 'capitão' de estrada Nelson Oliveira tornou-se um exemplo para os jovens da Movistar](/assets/img/blank.png)
Nelson Oliveira converteu-se no ‘capitão’ de estrada da Movistar, com o veterano português a refletir, no seu regresso a ‘casa’, sobre a chegada de novos talentos à sua equipa, mas também sobre um ciclismo em permanente mudança.
Prestes a pedalar em estradas portuguesas – e logo umas que tão bem conhece, por aí ter treinado uma infinidade de vezes antes de se radicar em Andorra -, Nelson Oliveira falou com a agência Lusa sobre a sua participação na Clássica da Figueira, agendada para hoje, e sobre este regresso a ‘casa’, uma raridade no seu percurso de 16 anos como ‘emigrante’, que o deixa com “uma boa sensação”.
O ciclista de Vilarinho do Bairro (Anadia) até era para ter começado a época na Figueira da Foz, mas foi convocado à última hora para a Volta à Comunidade Valenciana, uma alteração de planos que agora até agradece.
“Fui a Valência, não estava bem fisicamente, não estava preparado ainda para correr, mas até acabo por me dar bem, porque venho com outro ritmo de competição. Se queria estar bem aqui, mais ou menos fisicamente para fazer normalmente o meu trabalho, a corrida até me veio fazer bem”, avaliou.
Foi na Volta à Comunidade Valenciana, onde o também luso João Almeida (UAE Emirates) foi segundo, que a nova atitude da Movistar se tornou mais evidente, com a única equipa espanhola do WorldTour a surgir mais atacante e irreverente e a dar espetáculo.
“Há diferença. Também houve várias contratações, pessoal mais jovem, que, no ano passado, se calhar não deram o passo que tinham a dar, mas adaptaram-se. […] O trabalho que foi feito no ano passado começou a dar frutos este ano. E o ambiente está diferente, e a equipa nota-se motivada. Deram-nos mais… não vou dizer condições, porque são quase as mesmas, mas abriram-nos mais o espaço para que nós pudéssemos trabalhar melhor”, comparou.
Para o bairradino, a Movistar “demorou um bocado” a adaptar-se a um ciclismo em permanente mudança, mas está agora “num bom caminho”, um no qual os mais novos o encaram como um exemplo.
“Mas não pedem conselhos. Somos nós próprios [os mais velhos] que vamos falando e eles, se calhar, vão ouvindo algumas coisas, outras passam e saem para o outro lado. Os jovens hoje em dia já vêm com uma aprendizagem muito diferente daquilo que nós há 15 anos tínhamos. Quando nós chegávamos a uma equipa WorldTour, não tínhamos nada destas informações, não tínhamos tanta internet, não nos cuidávamos tanto anteriormente”, destacou.
No seu tempo, quando um ‘miúdo’ chegava ao principal escalão do ciclismo mundial – no seu caso, aconteceu em 2011 para representar a RadioShack -, era para “crescer”, no entanto, hoje, quando um jovem entra numa equipa WorldTour, “já é para ganhar”.
“Nós damos [conselhos], mas eles parecem que já sabem tudo. No final, vão aprendendo com muitos erros que vão cometendo, mas nota-se que há alguns jovens que ainda não são tão maduros e custa-lhes ganhar um bocadinho essa maturidade, mas têm essa ambição deles de ganhar que nos ultrapassa”, completou.
Com a sua postura sempre tranquila e discreta, Oliveira vai-se adaptando aos novos tempos, sempre com o respaldo da formação espanhola, que representa há uma década e que confia no seu trabalho, tendo-lhe, inclusive, ‘confiado’ um papel que condiciona também os seus objetivos pessoais para 2025.
“Agora, vou para uma corrida qualquer e há sempre um jovem que está para discutir a corrida e eles veem-me como um capitão de estrada ou capitão da corrida, ou seja, tenho de gerir um bocado a equipa. Então, já me tira algumas expectativas, mas acabam por dar-me uma responsabilidade, porque eu tenho basicamente de gerir um bocadinho a equipa depois do diretor [desportivo]”, detalhou à Lusa.
O mais veterano dos corredores da Movistar – cumpre 36 anos em 06 de março – espera, no entanto, ter as suas oportunidades, não traçando nenhum objetivo específico para uma temporada em que, admite, gostava de voltar a ganhar.
“Isso era um objetivo e treino para isso, mas tem de o dia ser bom”, concluiu.
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