O campeão do Mundo Rui Costa garantiu esta sexta-feira não estar nervoso pelas expetativas depositadas em si para a Volta a França em bicicleta, mas preferiu não traçar nenhum objetivo concreto antes de acabar a primeira semana da prova.

"Não gosto muito de fazer previsões para o Tour, simplesmente porque é preciso passar a primeira semana, que envolve muitos problemas mecânicos e quedas. Esta edição vai ser diferente, com a saída de Inglaterra. E há a quinta etapa, mítica, com os paralelos. Muito tranquilo não estou, mas sinto que vou ter uma equipa a apoiar-me a 100 por cento", assegurou numa conferência de imprensa posterior ao campeonato nacional de contrarrelógio, disputado no Soito, no Sabugal.

O ciclista da Lampre-Merida, que não está nervoso com as expetativas que as pessoas têm em relação a ele devido à sua camisola “arco-íris” e à qualidade de líder da Lampre-Merida, reconheceu que diz "sempre o mesmo", ou seja, que só estabelece metas no final da primeira semana do Tour, que começa a 05 de julho, em Leeds.

"Preparado estou, a equipa também. Só espero que não tenhamos problemas e que não fique nenhum pelo caminho na primeira semana. Quero muito que me corra bem o Tour, é o primeiro ano que vou enfrentá-lo como líder e estou muito contente", completou.

Questionado sobre as hipotéticas debilidades na montanha da sua equipa, Rui Costa mostrou-se confiante no “nove” da Lampre para a Volta a França, que vai incluir o vencedor da Vuelta de 2013, Chris Horner.

"Só o tempo dirá [se vamos partilhar a liderança da Lampre-Merida]. O Horner, todos sabemos que é um corredor muito importante, sabemos a qualidade que tem. É bom na alta montanha", realçou Rui Costa.

Mas, para o campeão do mundo, o elemento que levaria sem dúvida ao Tour seria Nelson Oliveira, o seu colega e amigo que "faz o trabalho que é muito complicado, que é desde o início da etapa ate aos últimos 50 quilómetros", e, por isso, não é notado.

"Por mim, o Nélson estará sempre comigo", frisou.

Rui Costa não quis apontar quais as etapas mais complicadas da Volta a França, porque, "às vezes", numa etapa mais suave, há cortes.

"É preciso estar sempre alerta. Por exemplo, na Volta à Suíça podemos ir tranquilos nos primeiros dias, e no Tour não. Não há a menor maneira de irmos relaxados. Às vezes chegamos ao fim mais cansados psicologicamente, porque há muita gente na estrada. Acabam por ser 200 quilómetros de pura concentração", destacou.

Assumindo ter ficado feliz pelo reconhecimento que teve por parte das principais instâncias institucionais portuguesas depois da sua terceira vitória na Volta à Suíça, o ciclista da Póvoa de Varzim revelou outro motivo de felicidade: o fim da "maldição" conotada com a camisola “arco-íris”, segundo a qual quem a usa não consegue qualquer triunfo no ano do seu reinado.

"Nunca pensei muito na maldição, mas quando tentamos ganhar e fazemos segundo ficamos naquela: ‘será a maldição?’. Mas não podemos pensar nisso. O importante é que a maldição de que tanto se fala já passei por ela. Está feito", concluiu com um sorriso.