O ciclista português Rui Oliveira já vai sentindo o ‘peso’ de ser campeão olímpico no madison, chegando a uns Mundiais de pista em Ballerup em que “as expectativas são bastante altas”, mesmo que ainda custe a acreditar.
“Ainda parece que custa a acreditar, mas é real...”, começa por dizer o campeão olímpico com Iúri Leitão em Paris2024, à margem de uma corrida de omnium, no sábado, em que se superou e foi sexto classificado.
Acabou a quatro pontos do pódio, e de uma primeira medalha em Mundiais, mas mostrou a qualidade que há uma década tem exibido como ‘pistard’, o que lhe granjeou seis medalhas em Europeus e esse título olímpico, tão inesperado quanto desejado.
Na Ballerup Super Arena, disputa até hoje o primeiro evento na pista desde esse ouro, conquistado com o ausente Leitão, e assume que este já ‘pesa’ no pescoço, e é mais do que difícil não o notar – a bicicleta especial, dourada, que exibe nesta competição que o diga.
“Sabia que, sendo o atual campeão olímpico, não podia vir para os Mundiais em má forma, porque as expectativas são bastante altas”, reforça.
No concurso, ganho pelo belga Lindsay de Vylder, chegou a estar em primeiro, já na última de quatro corridas, dos pontos, o que o deixa orgulhoso por ter conseguido mostrar “que o título olímpico não foi por acaso”.
“Acho que mostrei aos portugueses que estive na luta pelas medalhas e estou entre os melhores do mundo”, diz o ciclista de Vila Nova de Gaia, aos 26 anos já inscrito na galeria de maiores desportistas portugueses de sempre.
A incredulidade com o feito conseguido na capital francesa tem-lhe seguido as palavras desde que aterrou no Porto, naquele agosto histórico que serviu de pináculo a um percurso que começou mais de 10 anos antes.
Em 2014, ganhava dois bronzes nos Mundiais júnior em Gwangmyeong, e desde então arrancou para uma carreira de excelência na pista, mas também na estrada, em que compete na UAE Emirates que domina o pelotão.
Depois de fazer dupla com Leitão nos Jogos Olímpicos, a ausência do corredor de Viana do Castelo na Dinamarca fá-lo hoje reencontrar o irmão, Ivo Oliveira, com quem tantas vezes, ao longo dos anos, relevou durante o madison.
“O meu irmão está bastante forte e acabou de fazer um tempo excecional na perseguição individual [foi sexto, com nova melhor marca pessoal e do país]. Eu também estou em bom momento de forma, mas a corrida de omnium foi muito desgastante, não estou habituado a fazer omnium e madison”, analisa.
Relativiza as “poucas horas de sono” entre uma corrida e a outra, o que prejudica o esforço de recuperação, por haver “mais ciclistas nessa posição”, e pede de si mesmo o que foi entregando ao longo dos anos à seleção nacional.
“É mais uma força no último dia”, atira.
Os Mundiais de ciclismo de pista na Ballerup Super Arena, na Dinamarca, terminam hoje, com Portugal em ação no madison, com os irmãos em pista, enquanto Daniela Campos corre nos pontos e Diogo Narciso a eliminação.
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