O discurso de Sérgio Paulinho naquele que é o seu sexto Tour confunde-se com o nome Alberto Contador, o homem que o ciclista português vai tentar guiar até ao lugar mais alto do pódio final em Paris.

«As expectativas vão ser tentar ajudar o Alberto o máximo que puder. Sinto-me bastante bem fisicamente, acho que posso ir fazer o trabalho que a equipa pretende, por isso o grande objetivo vai ser esse», começou por dizer à agência Lusa.

Fiel “escudeiro” do espanhol em algumas das suas principais vitórias e amigo pessoal do vencedor da Volta a França de 2007 e 2009, Sérgio Paulinho já está «um pouco habituado» à pressão de ser o homem de confiança do espanhol.

«Em todos os Tours e Giros que tenho feito tenho trabalhado sempre para alguém. É um papel que já não me é estranho», assumiu.

E desta vez também não vai ser, já que o português está preparado para trocar o individual pelo coletivo, a sua identidade pela da Saxo-Tinkoff.

«Para mim um bom balanço era ganharmos o Tour. Agora, a nível pessoal não levo objetivos nenhuns, porque o objetivo principal este ano é a vitória do Alberto e quando assim é não podemos levar objetivos pessoais», explicou.

Conhecedor de todos os procedimentos exigidos pelo trabalho de equipa, o ciclista luso prefere não traçar cenários hipotéticos, nem sonhar com uma eventual luz verde para lutar por uma etapa, caso Contador esteja no primeiro lugar, a uma distância segura dos rivais, na última metade da 100.ª edição da “Grande Boucle”.

«Se chegarmos à última semana com o Alberto líder, com uma vantagem confortável, teremos de controlar a corrida para não passar dificuldades e para isso não podemos pôr ninguém em fuga, nem pensar em vitórias de etapas», frisou.

No entanto, Paulinho reconheceu que, durante o Tour, «tudo pode mudar, a equipa pode dar liberdade».
O lisboeta, de 33 anos, está otimista quanto às reais possibilidades do seu chefe de fila vestir de amarelo nos Campos Elísios.

«O Alberto está bastante bem, apesar de no Dauphiné não ter estado ao seu melhor nível, devido às alergias – não conseguia respirar a 100%. Mas, no Dauphiné, notou-se que nos últimos dias vinha melhorando», garantiu, referindo que mesmo que o espanhol não entre a 100% no Tour terá toda a última semana para mudar o jogo a seu favor.

Entre o líder da Saxo-Tinkoff e a sua terceira vitória na prova francesa – a de 2010 perdeu-a na secretaria devido a um positivo por clembuterol – está, sobretudo, o vice-campeão do ano passado.

«Com todo o respeito por todos eles, o [Christopher] Froome é aquele que nos merece mais medo. Depois há outros: o [Alejandro] Valverde, o Joaquim Rodriguez, o Tejay Van Garderen, o Cadel Evans. Há muitos outros, mas aquele que mais respeito impõe, pelos dois últimos anos, é o Froome», concluiu.