A organização da Volta a França vai instalar colchões na descida do Col de la Loze, o ponto mais alto da 110.ª edição atravessado durante a 17.ª etapa, revelou hoje Christian Prudhomme.
Esta decisão da organização foi tomada, segundo o diretor do Tour, ainda antes da morte do suíço Gino Mäder durante a Volta à Suíça – o ciclista de 26 anos saiu em frente numa curva, enquanto descia na quinta etapa, e caiu numa ravina, acabando por morrer no dia seguinte -, mas, depois de “um drama que ninguém quer reviver” reveste-se de particular significado.
A medida inscreve-se também numa iniciativa da União Ciclista Internacional (UCI), que hoje apresentou uma nova comissão, denominada SAFER (‘mais seguro’, na tradução do inglês), destinada a melhorar a segurança dos corredores numa altura em que os acidentes graves são cada vez mais numerosos.
“A segurança dos ciclistas é uma busca permanente”, defendeu o diretor do Tour, ao indicar que a organização vai instalar colchões de 30 metros de largura, utilizados nos Mundiais de esqui em Courchevel e Méribel em fevereiro, “para caso um corredor caia nesse local, não deslize para o vazio”.
Christian Prudhomme enalteceu ainda o trabalho das comunidades para que as estradas que a 110.ª edição da Volta a França vai percorrer estejam em bom estado e lembrou que um novo sistema de sinalização, testado há três semanas no Critério do Dauphiné, estará igualmente em vigor para assinalar atempadamente os perigos.
“Estamos mais atentos, mas nunca haverá uma solução a 100%. O ciclismo é um desporto magnífico, mas cruel”, notou.
A ‘Grande Boucle’ vai ainda homenagear Gino Mäder retirando o dorsal 61 este ano. O espanhol Mikel Landa, líder da Bahrain Victorious, que era a equipa do suíço, vai envergar o número 62.
“A morte de um ciclista é um drama absoluto. O Gino sonhava participar no Tour, pelo que tivemos esta ideia e propusemo-la à equipa, que a transmitiu à sua família. Eles disseram imediatamente que sim”, revelou Prudhomme.
Em 15 de junho, Mäder, de 26 anos, caiu na descida a caminho da meta, no fim de 211 quilómetros acidentados entre Fiesch e La Punt, juntamente com Magnus Sheffield (INEOS), e foi reanimado pelo médico da corrida, antes de ser transportado de helicóptero para o hospital.
No dia seguinte, a Bahrain Victorious anunciou que “Gino perdeu a batalha para recuperar das graves lesões que sofreu”.
Profissional desde 2019, Mäder tinha três vitórias, uma delas na Volta a Itália em 2021, ano em que conseguiu a sua melhor prestação em grandes voltas, ao ser quinto na Volta à Espanha.
O suíço também era conhecido pela luta por causas e, em 2022, doou um franco suíço por cada ciclista que ficasse atrás de si nas provas em que participou.
A 110.ª Volta a França arranca no sábado em Bilbau (Espanha), com os portugueses Nelson Oliveira e Ruben Guerreiro (Movistar) e Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) entre os 176 ciclistas participantes, e termina em 23 de julho em Paris, com os Campos Elísios a testemunharem a ‘coroação’ do sucessor do dinamarquês Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma).
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