A procuradoria de Marselha, responsável pela investigação à Bahrain Victorious, esclareceu hoje que foram aprendidos medicamentos de “natureza indeterminada” e “material eletrónico” nas buscas às casas de ciclistas e ‘staff’ e no hotel da equipa.
“Entre 27 e 30 de junho de 2022, uma ação de cooperação judiciária e policial internacional foi levada a cabo simultaneamente em Itália, Espanha, Bélgica, Polónia, Eslovénia, Croácia e Dinamarca”, começa por informar a procuradoria de Marselha.
A ação, coordenada pela Eurojust e realizada com o apoio da Europol, permitiu que “fossem feitas, pelas autoridades judiciais e policiais daqueles países, várias buscas às casas do ‘manager’, de três corredores, do osteopata e de um médico” da Bahrain Victorious, assim como à sede sociedade proprietária da equipa, indica a nota.
“Buscas aos quartos de hotel ocupados pelos elementos da equipa em Copenhaga foram igualmente realizados hoje”, acrescenta a justiça francesa.
Esta manhã, na véspera do arranque da 109.ª edição da Volta a França em Copenhaga, a Bahrain Victorious informou que o seu hotel tinha sido “revistado pela polícia dinamarquesa, a pedido dos procuradores franceses, às 05:30 [menos uma hora em Lisboa]”, ressalvando que não tinham sido apreendidos quaisquer artigos.
Contudo, no comunicado, a procuradoria de Marselha precisa que “material eletrónico (telefones, computadores, discos rígidos) e medicamentos cuja natureza e origem são indeterminados e que estão sujeitos a receita médica” foram apreendidos durante as diferentes buscas.
“A totalidade do material apreendido será alvo de análises posteriores”, conclui.
Também a polícia dinamarquesa confirmou ter realizado buscas num hotel situado em Brondby, a pedido das autoridades francesas, com polícias daquele país a participarem na operação na qualidade de observadores.
Do ‘oito’ da equipa do Bahrain para o Tour fazem parte o italiano Damiano Caruso, os eslovenos Matej Mohoric e Jan Tratnik, o belga Dylan Teuns, o australiano Jack Haig, o polaco Kamil Gradek, o britânico Fred Wright e o espanhol Luis León Sánchez
Antes da operação de hoje na Dinamarca, as casas dos elementos da Bahrain Victorious foram alvo, na segunda-feira, de buscas antes da partida destes para a Volta a França, com a equipa a considerar que a nova ação policial visava “prejudicar deliberadamente” a sua reputação.
“A investigação aos membros da equipa, que começou há quase um ano, sem qualquer resultado, prossegue mesmo antes do arranque da mais importante corrida velocipédica, a Volta a França, e causa danos na reputação dos indivíduos e da equipa”, notou a formação do Bahrain.
Nesse dia, a Bahrain Victorious defendeu que “o ‘timing’ das novas buscas visava “prejudicar deliberadamente a reputação da equipa”.
“As buscas domiciliárias experienciadas por membros da Bahrain Victorious representam a continuação do processo de investigação que teve início durante as performances bem-sucedidas da equipa na Volta a França do ano passado”, indicava o comunicado, no qual se recordava que a equipa foi a única a ser alvo de uma investigação na passada edição da ‘Grande Boucle’.
A equipa revelou que “em nenhum momento, até agora”, foi informada “do progresso, dos resultados” ou recebeu qualquer ‘feedback” da investigação desencadeada pela procuradoria de Marselha, apesar de “repetidamente ter solicitado o acesso ao processo”, sem sucesso.
Na edição do ano passado do Tour, o hotel e o autocarro da equipa Bahrain Victorious foram revistados pela polícia na noite de 14 de julho de 2021, depois da 17.ª etapa.
A investigação preliminar, iniciada em 03 de julho desse ano, incidia sobre suspeitas de “aquisição, transporte, posse, importação de uma substância ou método interdito para uso de um desportista sem justificação médica”, informou a procuradoria de Marselha, indicando que a rusga tinha sido efetuada pelos agentes da Agência central de luta contra os atentados ao ambiente e à saúde pública (Oclaesp, na sigla em francês).
Na passada edição da Volta a França, a formação do Bahrain esteve em evidência: o Mohoric ‘bisou’ em etapas, impondo-se na sétima e 19.ª, o Teuns venceu a oitava, o coletivo triunfou por equipas, o neerlandês Wout Poels foi segundo na classificação da montanha e o italiano Sonny Colbrelli, que em março deste ano sofreu uma paragem cardiorrespiratória e está afastado da competição, foi terceiro nos pontos.
Já na Volta a Itália de 2021, prova em que Caruso foi segundo classificado, a Bahrain Victorious tinha enfrentado suspeitas de doping.
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