O português Vítor Gamito, vencedor da Volta a Portugal de 2000, admitiu hoje ter ficado com “pele de galinha” com os incentivos recebidos após anunciar a vontade de voltar a correr a prova rainha do ciclismo português.
«Estou impressionado com as palavras de apoio que tenho recebido no Facebook, que é um mundo realmente, tomara eu há 10 anos ter tido esta ferramenta, teria sido muito diferente. A notícia que coloquei ontem [segunda-feira] já teve as impressionantes 160 mil visualizações e imensas partilhas. Isso deixa-me cheio de de orgulho, com pele de galinha, e isso é que me dá força para continuar a fazer o que gosto e é por isso que continuo a pedalar», afirmou o antigo corredor, de 43 anos, em declarações à agência Lusa.
Gamito, que abandonou o ciclismo profissional em 2004, explicou que a sua decisão esteve a ser ponderada desde fevereiro último, quando, numa prova de BTT, foi "desafiado" a voltar ao grande palco do ciclismo nacional, no qual, além da vitória de 2000, foi segundo classificado quatro vezes (1993, 1994, 1997 e 1999).
«Estava lá o responsável de uma equipa profissional de ciclismo, que me disse que ainda tinha nível para fazer uma Volta a Portugal. Na altura ri-me e disse-lhe que ele estava maluco, mas fui para casa pensar que não era descabido, porque o nível que eu apresento no BTT não está muito longe do que necessito para fazer uma boa Volta a Portugal», referiu.
Consultada a família e os amigos, o agora representante de uma empresa de suplementos alimentares decidiu tornar pública a sua decisão.
«Estou preparado para fazer a Volta a Portugal, chegar lá e fazer bonito. Não é minha ideia ganhar a Volta a Portugal, mas quero dar algum espetáculo, ajudar a equipa na qual irei ficar integrado, que ainda não sei qual é, e, no fundo, o mais importante é mostrar aos aficionados do ciclismo o que é preciso para fazer uma Volta a Portugal», salientou.
No entanto, Gamito exclui a possibilidade de reeditar um feito semelhante ao de Venceslau Fernandes, que venceu a Volta em 1984, então com 39 anos.
«São outros tempos, nesses anos a Volta era praticamente nacional, sem grandes valores internacionais. Apesar de ter perdido algum nível nos últimos anos, continua a ser internacional e a ter um nível de exigência muito grande. São menos dias, menos quilómetros, mas a concorrência, que era então ao minuto, agora é ao segundo. Não há que comparar. O que importa é estar lá nas melhores condições físicas e eu sinto-me capaz disso», rematou.
O seu historial e a atual exposição mediática pode ser, segundo o próprio, «um pau de dois bicos», pelo receio das equipas na sua aquisição.
«A maioria das equipas pensa que a minha ideia é ir para lá mandar e desmandar e outra questão é a de que vou pedir muito dinheiro. Isso pode dificultar os convites», admitiu o corredor, salientando que vai manter a sua ocupação profissional.
Tendo em vista a participação na edição de 2014 da Volta a Portugal, Gamito pretende continuar a disputar provas de BTT, focando-se na prova «a partir de meados do próximo ano», seguindo um plano «com duas ou três provas de preparação, para afinar o nível técnico e tático».