O dia de descanso, que hoje acontece na 80.ª edição Volta a Portugal em bicicleta, é muito esperado por grande parte dos ciclistas de um pelotão, mas há alguns que preferiam não parar de competir.

Recordando os seus anos na Volta a Portugal, os ex-ciclistas Bruno Pires e Manuel Cardoso lembram que nem todos os corredores anseiam pelo dia de descanso.

"Quando estás num momento muito bom e a primeira parte da Volta a Portugal te está a correr bem, muitas vezes apetece-te continuar. Quando estás muito cansado, estás sempre à espera daquele dia para poder recuperar um bocado", disse Manuel Cardoso.

Para Bruno Pires, "aquele ciclista que está bem fisicamente normalmente não pensa muito no dia de descanso", mas "o que vai com muita fadiga, agradece-o".

Com metade da Volta a Portugal disputada, os 117 ciclistas que ainda continuam em prova cumprem hoje, em Viseu, o único dia de descanso, com Bruno Pires a dizer que se deve recuperar "o máximo possível".

"O que se faz é desconectar um pouco da rotina da competição, levantamo-nos um pouco mais tarde, fazemos um treino mais ligeiro, mas convém sempre treinar para que o corpo tenha o registo de uma atividade física. Estar um pouco com a família e tentar desconectar o máximo possível, para recarregar baterias para a segunda parte da prova", referiu Bruno Pires.

Manuel Cardoso diz que "não se pode relaxar demasiado", porque "o corpo está numa atividade muito intensa".

"Se desconetares totalmente e se relaxares demasiado, no dia seguinte, vais ter sempre problemas para recomeçares e para o corpo estar ao nível dos dias anteriores. Recupera-se, mas sempre com um pouco de treino ativo para estares preparado para o dia seguinte", afirmou.

Os primeiros dias da Volta a Portugal foram corridos debaixo de temperaturas extremas, com os dois antigos corredores a concordarem que o grande problema foram o clima anterior à prova, que não permitiu que os ciclistas se adptassem ao calor.

"Eles são fortes, gente de barba rija e vão passar isto sem dificuldade", referiu Manuel Cardoso, enquanto Bruno Pires recordou temperaturas ainda mais extremas: "Eu em Abu Dhabi parti uma vez com 54 graus e ainda aqui estou".

Como motoristas de convidados de patrocinadores, Bruno Pires e Manuel Cardoso não escondem alguma saudade, mas dizem que esta tarefa serve para matar saudades.

"O que eu sinto é a falta deste ambiente e do que é a vida do ciclista, a parte da competição, algumas vezes sim, mas com estas temperaturas nem tanto", adianta Bruno Pires, que se retirou no final de 2016, numa carreira em que esteve cinco temporadas no WorldTour.

Um ano antes, retirou-se Manuel Cardoso, que também andou pelo primeiro escalão, com o antigo 'sprinter' a dizer que, enquanto vai no carro, gosta de "estudar a tática das equipas, de ir a apreciar o desenrolar a a corrida".