António Carvalho (ABTF-Feirense) prometeu dar espetáculo na tentativa de ganhar a 84.ª Volta a Portugal, assumindo que vai procurar fazer frente aos ciclistas da Glassdrive-Q8-Anicolor, a mesma missão ‘abraçada’ por Luís Fernandes.

“A felicidade que tenho neste momento é que estamos no dia de início da Volta. Eu disse ao meu treinador, disse a várias pessoas com que tenho alguma ligação, que acredito que tenha sido o pior mês da minha vida. E tive muitos problemas. Felizmente, estou aqui na linha de partida já tranquilo, agora é saber desfrutar disto, porque o stress que foi durante um mês… saber se ia à Volta, se não ia, operações…”, recordou o terceiro classificado da passada edição da prova ‘rainha’ do calendário velocipédico nacional.

‘Toni’ caiu no início do mês de julho, fraturou a clavícula e passou uma semana sem poder treinar, passando, depois, para treino condicionado durante praticamente um mês.

“Tenho de ir dia a dia, tenho de saber escutar o meu corpo. Estive muito tempo parado devido à operação e os treinos foram mesmo muito poucos. Tivemos o caso do [Tadej] Pogacar, que foi mais ou menos parecido com o meu. […] No Tour, andou muito bem de início e depois teve dois dias maus. Espero não ter nenhum, sobretudo nos dias importantes. Se estiver bem, não tenham a menor dúvida de que posso não ganhar mas vou dar espetáculo”, assegurou.

Por ter acompanhado os seus antigos colegas Mauricio Moreira, o campeão em título, e Frederico Figueiredo, o seu ‘vice’, no pódio da Volta2022, António Carvalho é unanimemente considerado como o principal candidato a contrariar a supremacia dos homens da Glassdrive-Q8-Anicolor na edição que hoje começa, com um prólogo em Viseu, e que termina em 20 de agosto, em Viana do Castelo.

“É algo que toda a gente coloca muito em cima da mesa, que eu poderei ser o principal adversário deles. Sem sombra de dúvidas que, se estiver bem, irei fazer frente, irei atacar independentemente se, depois, fique a pé ou não”, completou.

Mais comedido do que o líder da ABTF-Feirense é Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista), o quarto da passada edição, que considerou que “a fasquia está elevada” para melhorar a classificação nesta edição.

“Sei que é uma tarefa difícil, mas o trabalho está feito. Tenho muitas horas na bicicleta. Este ano, foquei-me a 100% na Volta, abdiquei das outras corridas durante toda a época, optei por ajudar só os meus colegas, para me focar só na Volta a 100%”, revelou à agência Lusa.

Fernandes sabe que “é muito difícil” estar no pódio final, uma vez que não “é só a Glassdrive, há outros atletas muito fortes que transitaram para outras equipas” que estarão na luta este ano.

“A tarefa vai ser complicada, porque o top 10 vai ser recheado de muitos bons atletas. E o objetivo da equipa, claro, é termos alguém no pódio. Mas sabemos que o top 10 é bem possível, o pódio é mais complicado derivado às estruturas que estão montadas”, concedeu, ressalvando que a Rádio Popular-Paredes-Boavista “também está forte”, nomeadamente na montanha, onde terá o apoio de César Fonte, Hugo Nunes e Tiago Leal.

Já Delio Fernández, terceiro em 2014, lembrou à Lusa que no ano passado não esteve “muito longe” do pódio, confessando que gostaria de voltar a estar na festa final da Volta.

“É verdade que é mais um ano, mais uma dor nas pernas, mais um ano de experiência. Vamos lutar por melhorar o resultado da época passada. Já sei o que é estar no pódio e não descartamos essa possibilidade. Sabemos da dificuldade desta prova, já são muitos anos. Vamos correr com tranquilidade e a ambição de fazer uma boa Volta”, resumiu o galego da AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense, admitindo que, “se calhar, esta é uma das últimas oportunidades, senão a última” de regressar ao pódio.

A 84.ª Volta a Portugal arranca hoje, em Viseu, e termina em 20 de agosto, em Viana do Castelo, onde o sucessor de Mauricio Moreira será coroado após um contrarrelógio com final em Santa Luzia.