Orluis Aular (Caja Rural) pode hoje ter dado um passo decisivo para a conquista da 39.ª Volta ao Alentejo em bicicleta, ao vencer o curto e técnico contrarrelógio da quarta etapa, para ‘desgosto’ do português José Neves.

O ciclista venezuelano, embalado pela camisola amarela que vestia, pedalou a uma média de 39,842 km/h no ‘crono’ de 8,4 quilómetros pelas ruas de Castelo de Vide para parar o cronómetro nos 12.39 minutos, deixando os segundo e terceiro classificados, respetivamente Xabier Azparren (Euskaltel-Euskadi) e o luso da W52-FC Porto, a dois segundos.

O técnico contrarrelógio da quarta etapa – um permanente ‘carrossel’, com subidas ‘rompe-pernas’ e descidas com viragens apertadas e curvas ‘cegas’ – fazia adivinhar que só um especialista poderia sair da quarta tirada com a vitória, uma probabilidade que foi confirmada assim que José Neves cortou a meta.

O campeão nacional de fundo foi o 69.º corredor a sair para a estrada e, depois de fixar o melhor tempo, aguardou placidamente sentado pelo desfile dos 50 ciclistas que saíram para a estrada depois de si, até ver, finalmente, o seu tempo ser batido por apenas seis centésimos pelo basco Xabier Azparren (Euskaltel-Euskadi), vencedor da segunda etapa e ex-líder da geral.

“Estar aqui 40 minutos à espera e perder assim é um pouco triste. Já o ano passado perdi o ‘crono’ por oito milésimos [para o campeão Mauricio Moreira], hoje foi por dois segundos… À terceira não foi de vez ”, lamentou José Neves, sem conseguir esconder a deceção e a frustração por ter voltado a ver o triunfo no contrarrelógio de Castelo de Vide fugir-lhe num ‘sopro’.

O português, que também tinha sido segundo num contrarrelógio neste mesmo percurso em 2018, foi hoje terceiro, porque depois de o vice-líder da geral Azparren chegar, foi a vez de Aular melhorar o tempo do duo luso-basco em dois segundos, cimentando a sua liderança na geral.

“Estou muito contente com o meu rendimento. A equipa deu-me toda a confiança, fizemos bem o ‘trabalho de casa’ e, hoje, estar de amarelo deu-me muita motivação, ter todas as referências dos meus adversários. Fiz um bom ‘crono’, disputei a etapa e saíram bem as coisas”, descreveu o antigo campeão venezuelano da especialidade (2019), que agora tem cinco segundos de vantagem sobre o ciclista da Euskaltel-Euskadi.

Aular tem agora ‘apenas’ 171,9 quilómetros, entre Castelo de Vide e Évora, a separá-lo da vitória final na ‘Alentejana’ e do primeiro lugar no pódio instalado na Praça do Giraldo, onde o pelotão irá ‘desembocar’ após uns últimos 800 metros inclinados, no empedrado, e potencialmente perigosos, caso se confirme a chuva prevista para domingo.

“É verdade que fiquei mais perto de conquistar a geral. Hoje, era uma etapa chave para decidir a classificação, aproveitei esta oportunidade”, disse o também vencedor da primeira etapa, ressalvando, contudo, que “nunca se sabe” o que pode acontecer no domingo.

Fora da luta pela 39.ª edição da Volta ao Alentejo parece já estar Neves, terceiro da geral a 24 segundos, assim como o quarto, o também português Rafael Reis (Glassdrive-Q8-Anicolor), que ocupou essa mesma posição no ‘crono’ e tem 36 segundos de desvantagem para o venezuelano da Caja Rural.