“Sou uma pessoa que gosta de desafios, e a política é um pouco o sair da minha zona de conforto, é algo que me está a motivar muito, de verdade. Porque o desporto e o ciclismo ensinaram-me que, se queremos algo, temos de lutar muito e a política é isso mesmo: temos de ter persistência para lutar por aquilo que, neste caso, a freguesia de Vila Nova de Cacela, necessita”, evidenciou o campeão da edição especial da Volta a Portugal.

Amaro Antunes, o ciclista que é candidato à Junta de Freguesia de Vila Nova de Cacela, nas eleições autárquicas de 26 de setembro, já fala como o político que quer vir a ser, dizendo sentir que este é um passo que pode dar, por ter capacidade e uma grande equipa para ajudá-lo neste novo desafio, lançado por Luís Gomes, o candidato do PSD à Câmara Municipal de Vila Real de Santo António.

“Obviamente, e não escondo isso, já tinha andado a pensar nesse tipo de coisas até porque, inclusive, o nosso diretor desportivo [Nuno Ribeiro] também já foi candidato à junta da freguesia dele, e foi sempre um tema de que falávamos. Lá está, é uma área que me dá aquela verdadeira ‘pica’, porque é uma área em que também há aquele despique entre partidos e isso motiva-me”, admitiu em declarações à agência Lusa.

O candidato Amaro Antunes, cujo slogan de campanha é “Por Amor a Vila Nova de Cacela”, acredita que, caso seja eleito, vai conseguir conciliar as duas carreiras, a do ciclismo, que o levou a conquistar a edição especial da Volta a Portugal e a ser um dos ‘pesos pesados’ do pelotão nacional atual, e a da política.

“Tenho as coisas bastante bem estruturadas, até porque estamos a falar de uma junta. O próprio Rui Sousa também o era [ciclista-presidente de junta]. Sei nos momentos em que poderei optar mais pelo ciclismo, mas acho que a modalidade dá-nos a liberdade suficiente para poder fazer as duas coisas sem prejudicar uma em função da outra”, defendeu.

O algarvio de 30 anos, “por acaso”, ainda não teve oportunidade de pedir conselhos ao seu antecessor, mas, desafiado pela Lusa, Rui Sousa, o recandidato à presidência da União de Freguesias de Barroselas e Carvoeiro, antecipou-se.

“Já me apercebi que o Amaro é candidato a uma junta de freguesia no Algarve e os conselhos que lhe dou estão relacionados com princípios que eu considero que são fundamentais e que são praticados naquela que é a nossa modalidade: a seriedade, a lealdade, um sentido de proximidade com a comunidade. Acho que isso é o mais importante”, enumerou.

Presidente daquela junta de freguesia do concelho de Viana do Castelo há oito anos, Sousa conciliou durante quatro temporadas a política com o ciclismo, modalidade na qual se destacou como segundo na Volta a Portugal em 2014 e terceiro em 2013, 2012, 2011 e 2002 – ganhou ainda cinco etapas, a última das quais na sua despedida, em 2017.

“Os anos que vivi como presidente da junta e ciclista, na realidade, foram difíceis. Vivia com alguma pressão: às 15:00, tinha atendimento na junta, e aconteceu-me por diversas vezes chegar a casa e ter meia hora para ir para o atendimento, entre o tomar banho e o vestir e o comer. Enquanto os meus adversários estavam a descansar, eu estava a atender pessoas. Aconteceu dezenas e dezenas de vezes, e não foi um trabalho muito fácil”, afirmou.

Ainda hoje uma das figuras mais carismáticas do ciclismo nacional, o antigo corredor, que está na 82.ª Volta a Portugal, que decorre entre 04 e 15 de agosto, integrado na organização, recordou um episódio ‘duro’ e caricato no seu percurso ciclista-presidente, que pode muito bem alertar Antunes para aquilo que o espera caso seja eleito.

“Houve um ano em que, dois dias antes da Volta a Portugal começar, eu estava numa procissão, numa festa, na minha União, com 40 graus. E eu vestido de fato, com um calor... enquanto os outros estavam a descansar, eu estava ali, em ‘cima das pernas’, como dizemos muitas vezes no ciclismo. Foram duas horas de procissão... curiosamente, até fiz uma boa Volta, fui ao pódio, acho que a Santa Ana, que é a padroeira dessa procissão, me deu um empurrão”, brincou.

O campeão nacional de estrada de 2010 e duplo vencedor da classificação da montanha da Volta a Portugal (2008 e 2012), que escolheu o lema “Renovar a Confiança” para a sua recandidatura pelo Partido Socialista às eleições de 26 de setembro, acredita que Antunes irá sair-se bem no seu novo papel, porque, enquanto ciclista, aprendeu a trabalhar em equipa e a estar próximo das pessoas.

“As pessoas abordam-nos em qualquer sítio, na rua, até em casa. Nós não somos políticos profissionais e, de certa forma, aquilo que nos engrandece é isso mesmo”, concluiu.

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