A Associação Académica de Coimbra (AAC) ameaçou esta quarta-feira cortar relações com a Académica - Organismo Autónomo de Futebol (OAF) se a sua direção não repor «a verdade» sobre a cedência dos direitos desportivos da modalidade de futsal.

Numa conferência de imprensa realizada esta tarde, o presidente da estrutura académica, Ricardo Morgado, exigiu que a direção do OAF se retrate, «repondo a verdade dos factos relativos à questão do futsal, explicando se os transferiu [direitos desportivos] para a AAC, sabendo ou não que era competência dos seus sócios».

A cedência dos direitos desportivos da Académica OAF à "casa mãe" foi ratificada segunda-feira em assembleia geral, depois de muita controvérsia entre os sócios e a direção liderada por José Eduardo Simões, que em junho cedeu os direitos à AAC sem consultar os sócios.

Após várias horas de debate, os sócios aprovaram a ratificação da cedência dos direitos desportivos até final da época 2013/2014 e a realização de uma Assembleia-geral extraordinária para decidir o eventual regresso da modalidade ao OAF.

Desde o início da época desportiva que o futsal da Académica é gerido por uma pró-secção da AAC, que aprovou a constituição de um organismo autónomo para a modalidade até ao final do ano, de forma a garantir a sua atividade dentro da "casa mãe".

Aos jornalistas, Ricardo Morgado acusou o presidente da direção da Académica OAF de faltar à verdade na assembleia-geral de segunda-feira, ao dizer que «apenas tinha conhecimento da necessidade de se criar o Organismo Autónomo de Futsal na última semana» e que tinha sido a AAC a pedir a modalidade.

«Esta situação já tinha sido por nós relatada em plena assembleia-geral de julho. E ainda mais espantados ficámos quando referiu que tinha sido a direção-geral da AAC a pedir para ficar com a modalidade», enfatizou.

Segundo o presidente da AAC, foi a direção da Académica OAF que entregou os direitos desportivos, depois de tomar a decisão de acabar com a modalidade dentro da sua estrutura, argumentando que era «uma opção estratégica de acabar com um dos 'sorvedouros' de dinheiro» do clube.

«A AAC não pediu nunca para lhe ser cedido o futsal. Aceitou os direitos desportivos com um simples objetivo: tornar possível a continuidade de uma modalidade que tem crescido e que é hoje a segunda mais praticada a nível nacional e que diz muito a Coimbra e à Académica», explicou o dirigente, salientando que foi uma decisão «difícil pelo risco que acarretava num cenário de dificuldades que a casa vive».

De acordo com Ricardo Morgado, a direção-geral da AAC deliberou, por unanimidade, exigir a retratação dos factos e a imediata assinatura do protocolo de cedência do espaço do Pavilhão Jorge Anjinho, «enquanto esta modalidade estiver no seio da AAC ou no Organismo Autónomo de Futsal».

A estrutura académica reclamou ainda abertura para discussão de toda a estratégia do futebol no seio do OAF e AAC e a regularização das dívidas do Bingo, que, segundo o presidente da direção-geral, ascendem a «dezenas de milhares de euros».

«Se tal não acontecer, se nada mudar, a direção-geral da AAC ver-se-á obrigada a cortar em definitivo as relações com a direção da Académica OAF», adiantou Ricardo Morgado, sublinhando que se trata de uma posição contra uma «direção que, consideramos, nos tem continuamente desrespeitado em várias situações».