A seleção iraniana, com as suas jogadoras de véu islâmico na cabeça e membros totalmente cobertos, estreou-se hoje no Mundial feminino de futsal com um triunfo sobre a Venezuela e muita curiosidade nas bancadas.

Totalmente vestidas de branco e com o “hijab” (véu islâmico) a cobrir-lhes a cabeça, as iranianas cumprimentaram as suas rivais venezuelanas com um aperto de mão, mas perante os elementos masculinos da equipa técnica venezuelana recolheram a mão e baixaram os olhos.

As diferenças culturais esbateram-se assim que foi ouvido o apito inicial no Pavilhão Salvador Machado, em Oliveira de Azeméis, com o Irão a mostrar-se mais forte que a experiente Venezuela, acabando por vencer, por 2-1, na primeira jornada do Grupo A.

«Elas estão a ter um jogo muito melhor do que o das venezuelanas, porque estão a cruzar muito mais a bola e têm mais velocidade», defendeu Anthony Ventura, jogador de futebol na Ovarense, que considera que «não devia ser permitido jogarem com aquele lenço».

Para o jovem futebolista, as jovens do Irão «se calhar nem têm culpa», mas diz que a FIFA não devia autorizar a indumentária muçulmana, porque isso «não ajuda a acabar com a discriminação, a falta de liberdade de expressão».

«O lenço é lá com elas e temos que respeitar isso. Não me parece que tenha influência na capacidade de jogo e o facto é que elas estão a ser tecnicamente melhores do que as venezuelanas», defende, por seu turno, Ricardo Oliveira, que joga futsal no Saavedra Guedes.

Depois de presenciar a partida entre Irão e Venezuela, duas das adversárias no Grupo A, Juliana Delgado, pivot da seleção brasileira, mostrou-se impressionada com o desempenho das iranianas.

«Estão a jogar muito bem. E, independentemente da roupa que usam, o importante é que estas jovens tenham oportunidade de fazer o que quiserem da sua vida, seja no desporto, no trabalho ou noutra área qualquer», referiu a brasileira.

A também internacional brasileira Vanessa Pereira salientou particularmente «a tranquilidade» da equipa do Irão.

«A Venezuela tem muito mais experiência em competições internacionais, mas não está a jogar ao mesmo nível. Para o Irão esta é a primeira vez no Mundial e já se nota que jogam com mais emoção», disse a ala da seleção “canarinha”.

Daniela Lopes, que joga futsal pelo Lusitânia de Lourosa, já calculava que o “hijab” não ia influenciar a capacidade das muçulmanas.

«Isto é quase igual ao que nós usamos cá. Muitas raparigas em Portugal também já começaram a jogar de ‘leggings’ ou meia-calça por causa do frio e como as do Irão já estão mais do que habituadas ao lenço, se ele tiver algum efeito será mais na concentração das adversárias do que noutra coisa qualquer», garantiu.

O espetador Abílio Tavares, que confessou que a curiosidade de ver a seleção iraniana o fez chegar mais cedo ao recinto, também considerou que o uso do véu é apenas um pormenor.

«Eu realmente vim mais cedo ver este jogo porque ouvi falar do lenço muçulmano, mas, passado algum tempo, já ninguém se lembrava disso. Ao princípio a coisa estava um bocado mal parada, mas depois elas puseram-se todas despachadas e o resto é conversa», garantiu.

Leila Eghbali e Fereshteh Karimi marcaram os golos das iranianas e, no final do encontro, a treinadora Shahrazd Mozafar disse que esta foi “uma vitória muito difícil», mas acabou por ser «uma preparação muito importante» para as partidas com Portugal e Brasil, os que a deixam «mais preocupada».

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