"Podemos dançar o tango, desde que, no final, toque o fado". As palavras são de Ricardinho, poucos dias antes da final do Mundial de futsal entre Portugal e Argentina, em Kaunas. Pois bem. Portugal não só não dançou o tango (foi quase sempre superior ao seu adversário), como acabou por fazer a festa no fim.
A Seleção portuguesa de futsal sagrou-se, pela primeira vez, campeã do Mundo ao bater a Argentina (vencedora em 2016) por 2-1, juntando este título à conquista do Europeu em 2018.
O conjunto das quinas chegou a deter uma vantagem de dois golos, graças ao ‘bis’ de Pany Varela, aos 15 e 28 minutos, mas a seleção sul-americana, que defendia o título mundial conquistado em 2016, na Colômbia, reduziu por Claudino, aos 28, e manteve a incerteza até ao fim.
Portugal, que tinha como melhor resultado de sempre na competição o terceiro lugar alcançado em 2000, na Guatemala, tornou-se o quarto país a erguer o troféu, depois de Brasil, Espanha e Argentina.
Conseguida a melhor prestação de sempre, superando o terceiro lugar da edição de 2000, na Guatemala, a equipa das quinas procurava agora conquistar o primeiro título mundial, depois de superar, no prolongamento e grandes penalidades, as congéneres da Sérvia, Espanha e Cazaquistão, na fase a eliminar. Foram jogos emotivos, com várias mudanças no marcador e a sorte do lado português em muitos momentos.
Portugal alinhou de início com Bebé, João Matos, Bruno Coelho, Fábio Cecílio e Ricardinho, que, tudo indica, terá feito o último jogo pela Seleção - as lágrimas no momento em que tocou o hino são prova disso.
A equipa lusa entrou bem no jogo e conseguiu criar algumas situações de perigo, mas os argentinos iam mostrando toda a sua qualidade defensiva. Ao minuto 9, Basile atirou ao poste da baliza de Bebé, que ainda desviou o esférico, na primeira grande chance do jogo para a 'albiceleste'. Logo a seguir, foi a vez de Tiago Brito rematar ao ferro.
Os adeptos portugueses, presentes em bom número na bancada, faziam-se ouvir na Zalgiris Arena. A equipa das quinas tentou aproveitar a vantagem numérica face à expulsão de Borruto - deu um soco no estômago de Ricardinho - e foi precisamente o craque a rematar ao poste (14'), quando tinha a baliza à sua mercê.
Portugal vinha a ameaçar o golo e acabou por ser recompensado com o 1-0 ao minuto 15: Pany Varela fintou dois adversários à entrada da área argentina e, após ser servido por João Matos, atirou para o fundo da baliza de Sarmiento.
Portugal faz o 1-0
Bruno Coelho e Zicky Té ainda podiam ter aumentado a vantagem lusa até ao intervalo, com os comandados de Jorge Braz a justificarem a vantagem até esta fase do jogo.
Portugal continuou por cima no segundo tempo, tendo estado mais perto do 2-0 do que a Argentina do empate. Aos 24' Erick tirou dois adversários do caminho em direção à área e picou a bola sobre Sarmiento, mas esta esbarrou no travessão.
O guardião argentino voltou a estar em evidência ao negar o golo, em duas ocasiões, a Erick. Na resposta, Cuzzolino rematou com força, na cobrança de um livre direto, mas Bebé estava atento e defendeu com uma palmada.
O jogo entrava numa fase mais eletrizante e aos 28' Pany Varela fez o 2-0 para a formação das quinas: grande passe de Ricardinho para o ala do Sporting, que chegou ao 'bis' num rematou de primeira. No entanto, a Argentina relançou o jogo logo a seguir, com Claudinho a fintar dois adversários e a bater Bebé.
O golo motivou a Argentina, que esteve perto do empate mais do que uma vez, mas Bebé agigantou-se entre os postes e conseguiu segurar a vantagem lusa. A dois minutos do fim, o selecionador argentino pediu revisão de lance por eventual corte com a mão de João Matos na área, mas a equipa de arbitragem mandou seguir.
Os sul-americanos pressionaram até ao fim, com um guarda-redes adiantado, tendo ainda enviado uma bola ao ferro no último suspiro, mas este era o título de Portugal.
Comentários