O presidente da Federação Portuguesa de Golfe (FPG), que em novembro deixará o cargo após quatro mandatos, considera que, entre os grandes desafios da modalidade, estão a adaptação aos tempos modernos e o fim do estigma do elitismo.
“É importante que, no futuro, o golfe seja mais simples, mais fácil, mais rápido e mais barato, para que não seja ultrapassado por outras modalidades”, afirmou Manuel Agrellos à agência Lusa.
Agrellos, que esteve 16 anos à frente da FGP e 14 como vice-presidente do organismo, considera que um dos grandes desafios da próxima geração “é adaptar os valores às tradições centenárias do golfe à sociedade moderna”.
“Devem naturalmente ser mantidos os valores de integridade e honestidade, mas podem ser mantidos com adaptação das tradições”, disse, lembrando que outros desportos como o cricket, o râguebi e o próprio ténis se estão a adaptar.
Segundo Manuel Agrellos, “até os torneios devem diminuir de 18 buracos. Tem que ser tudo mais rápido, há um grande problema para a próxima geração. O cricket era em dois dias e passou a duas horas, o râguebi de 15 está a passar para sete, o ténis era em cinco ‘sets’ e está a passar para três”.
O ainda presidente admitiu que ao longo de quatro mandatos conseguiu “mudar muita coisa na modalidade, baseando-se numa política de semear para colher”.
Entre a ‘obra’ feita, Manuel Agrellos destacou o Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor e o programa golfe nas escolas, bem como o investimento na formação de jogadores, numa modalidade “erradamente considerada “elitista”.
“A sementeira ainda está no princípio”, disse Manuel Agrellos, admitindo: “Saio satisfeito com o que foi feito, apesar de reconhecer que podia ter feito mais e melhor”.
No entanto, o presidente da FGP assegura ter feito muito de que sonhou e elege o centro de formação de Jamor como um "grande objetivo concretizado".
“Muitas das coisas que sonhei acabei-as, nomeadamente o centro de formação do Jamor, onde se joga a 10, 7,5 e cinco euros. Está cheio de miúdos, é na base que é preciso investir, para que os miúdos tenham golfe na escola como têm futebol ou andebol”.
Agrellos, que será substituído por Miguel Franco de Sousa ou Luís Filipe Pereira – os dois candidatos às eleições de 04 de novembro – admite sair sem ter cumprido o objetivo de aumentar, tanto como pretendia, o número de jogadores.
O presidente da FPG mostra-se satisfeito com os apoios que tem recebido do Governo, mas lembrou a importância do papel da sociedade civil.
“Não me queixo nada dos apoios do Governo. O Governo tem-nos apoiado no que temos pedido, é verdade que baixou bastante nos últimos tempos (…) mas a sociedade civil tem de ser responsável também, tem de apoiar, sobretudo a industria turismo que está alavancada por um desporto destes, e tem ajudado”, refere.
Manuel Agrellos considera bastante positivo o regresso do golfe aos Jogos Olímpicos, 112 anos depois da última participação, admitindo que a presença da modalidade no Rio de Janeiro foi “importante para a democratização de um desporto na sociedade”.
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