O Bloco de Esquerda (BE) defendeu hoje a deslocalização do campo de golfe da Estela, na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, considerando que o equipamento, construído há 32 anos, está instalado “numa zona sensível do litoral”.
O partido alertou para o recorrente foco de poluição causado pelos sacos de plástico com areia utilizados para defender, do avanço do mar, a duna primária onde o campo está instalado, e considerou que é necessário a “renaturalização e recuperação” da área.
“O Bloco de Esquerda exige a remoção imediata dos sacos plásticos e outros resíduos da praia da Estela, e que se proceda à deslocalização do campo de golfe daquela área sensível do litoral e a promoção da renaturalização e recuperação da duna primária, aplicando, desta forma, uma solução de base natural que permitirá conferir maior proteção aos campos agrícolas situados a nascente”, apontaram os bloquistas, em comunicado.
O partido deu conta que houve trabalhos de proteção da duna, efetuados em agosto deste ano, pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), com alimentação artificial do areal, com um custo de 115 mil euros, mas que passados alguns meses os mesmos foram neutralizados pela ação do mar.
“O Bloco de Esquerda teve a informação que toda a intervenção de proteção da duna primária já tinha sido erodida, nem dois meses passados. Foi uma intervenção artificial, dispendiosa e de curto prazo para proteger a duna já degradada pela instalação do campo de golfe e deixando a descoberto os sacos que tinham sido enterrados”, pode ler-se no mesmo texto.
Em agosto deste ano, numa resposta a um pedido de esclarecimento do partido, o Ministério de Ambiente informou que a alimentação artificial da praia seria a solução “que garante a curto prazo maior eficácia perante problemas de erosão que justificam uma intervenção urgente”, mas defendeu que ação “deve ser conjugada futuramente com ações de reabilitação dunar assegurando uma maior resiliência deste troço de orla costeira”.
Nessa mesma missiva, o ministério apontou que “a empresa Estela Golfe tem a incumbência de monitorizar a infraestrutura de proteção que instalou na frente do campo de golfe, bem como de intervir, sempre que verifique haver sacos degradados, no sentido de os remover e impedir que sejam arrastados pelo mar”.
Em abril, e após uma denúncia do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) sobre o foco de poluição com detritos dos sacos de plásticos, a empresa detentora do campo de golfe, notificada para entidades ambientais, procedeu à limpeza do areal, mas lembrou que “as soluções para proteger a duna e a invasão do mar para as propriedades que confrontam com a orla marítima são exclusivamente da decisão da APA”.
A Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, que também em abril, chegou a reunir-se no local com técnicos da APA para avaliar a situação e discutir soluções, tem mostrado “a preocupação com a sustentabilidade do meio ambiente e do ecossistema marinho”, apontado a necessidade de ser estudada uma solução que evite focos de poluição e lembrando que “a rutura desta barreira pode provocar danos irreparáveis na produção agrícola de toda área a nascente do campo de golfe”.
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