Tomás Ribeiro é um pequeno golfista (só no tamanho e na idade, tem 12 anos) português que faz sucesso no Brasil. É vestido por Vivienne Westwood (sim, a estilista inglesa mundialmente famosa pelo seu lado nada convencional), tem o seu próprio caddy, leva o desporto muito a sério e será um caso a seguir nos próximos anos.

“O Tomás é hiperativo, não pára, mas quando joga consegue concentrar-se totalmente”, conta o pai, Miguel Ribeiro, sobre o filho, apaixonado desde os dois anos e meio pelo golfe, tendo terminado no ano passado no segundo lugar do ranking do Brasil. Tomás nasceu em Portugal, mas aos 4 anos estava em Terras de Vera Cruz, na cidade de Trancoso (Bahia), para onde os pais se mudaram e onde permanecem até hoje.

“Sempre teve jeitinho para o golfe. Aos três anos teve as primeiras aulas no Estoril, em tom de brincadeira. Talvez tenha sido por isso. Quando chegamos cá jogava um pouquinho, não era aquela coisa de seguir o golfe. Há dois anos, o Tomás começou a levar a sério”, conta Miguel Ribeiro em conversa com o SAPO Desporto. A família mora perto do “melhor campo de golfe do Brasil”. Algo que em Portugal já acontecia e que pode também ter ‘ajudado’ a Tomás a descobrir o talento natural para um desporto que requer precisão, muita concentração e que é, de alguma forma, solitário. “Quando morávamos em Cascais a casa dava para um campo de golfe. E havia muitas bolinhas que iam lá parar, acho que ele achou graça…”.

Até há pouco tempo, Tomás Ribeiro fazia parte da Federação de Golfe da Bahia, mas o facto de ser bastante limitada, levou-o à federação paulista e ao Dahma Golf Club - “onde vamos esporadicamente, três vezes por ano” - até a conselho do organismo baiano, que vê o talento do pequeno golfista, atual terceiro do ranking.

No campo Terravista, onde treina “quatro vezes por semana, à segunda, quarta, sexta e sábado, aqui o dia todo”, o golfista fá-lo sozinho. Tomás não tem treinador. “O Tomás ganha a golfistas com mais cinco ou seis anos. Se tivesse treino a 100 por cento, seria fantástico. No ano passado, ficou em segundo lugar, foi vice-campeão. Este ano está mais difícil porque os meninos já estão a passar de nível, mas é o terceiro do ranking. Este ano participou no Faldo Series [torneio seletivo], foi terceiro. O Brasil foi o único país representado na América do Sul, e ele ficou a duas tacadas do segundo e a cinco do primeiro”, conta o pai.

Apesar dos seus 12 anos, Tomás “interage muito com os adultos”. “Aqui em Ilhéus, o empresário português António Pires, que já tem 70 anos, convida-o para ir jogar. A filha dele foi campeã de golfe”, diz-nos. “Ele joga com muitos adultos. Foi campeão aqui. O Clube Terravista realiza um Open, para adultos, como era jogador local foi convidado e ganhou aos adultos”, conta, orgulhoso.

Muito “disciplinado”, mas ao mesmo tempo uma criança igual às outras, Tomás quer seguir o golfe de forma profissional, tendo, no entanto, a vontade de tirar um curso. E aí a tacada ainda não é certeira. “Piloto, adora aviões…agora mudou, afinal é a área financeira…também pensa em engenharia aeronáutica, aqui tem uma boa faculdade de ciências aeronáuticos…”, explica Miguel Ribeiro.

A verdade, é que se Tomás decidir ser golfista, o que parece certo, não será com a nacionalidade portuguesa. “Ele futuramente vai representar Brasil não pode representar Portugal, nem sequer poderia jogar no campeonato brasileiro. Não são selecionados para representar antes dos 15 anos. O pedido já foi feito e sabemos que já foi diferido”, explicou o pai, satisfeito com as condições que a Confederação de Golfe Brasileira proporciona.

Para finalizar a estória do Tomás, quisemos saber qual o seu ídolo. Quem mais poderia ser senão…Tiger Woods? “É um golfista consistente”, explica Miguel Ribeiro.

O golfe ainda é um desporto pouco acessível. Ao fim de um ano pode ter custado entre 60 a 80 mil reais, ou seja, entre 19 e 25 mil euros, que no caso da família Ribeiro, é todo suportado por eles, já que Tomás ainda não tem patrocínios. “Ainda é um desporto de elites”, frisa, daí ainda ser um desporto com poucos praticantes para a dimensão de um país como o Brasil.