Num ambiente bastante eufórico, com as cores da bandeira do país a predominarem nas bancadas, adeptos do Petro de Luanda e do 1º de Agosto, principais emblemas do desporto angolano, colocaram de parte as “rivalidades e complexos”, e juntos puxaram pela seleção angolana diante do Chile.
Estes apareceram devidamente identificados com as cores e/ou equipamentos dos seus clubes e deram, de facto, mais charme e força à claque de Angola, formada por mais de oito mil espectadores, incluindo o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, membros do Executivo Angolano e distintas individualidades.
Foi um comportamento de patriotismo e irmandade, que revelou a união dos angolanos e o amor deste povo pelo desporto, independentemente da modalidade. Mas ainda assim, por culpa do destino, a corrente dos angolanos e, em particular, a atitude das claques do Petro de Luanda e do D'Agosto, tornaram-se descartáveis.
Isto porque o cinco nacional, liderado em campo pelo capitão Johe, não foi capaz de evitar a amarga e comprometedora derrota - aos penáltis (1-3), frente aos chilenos que conseguiram anular bem os ataques rápidos de Angola, superior durante os 40 minutos regulamentares e os dez de prolongamento.
Perante aquele clima, com muita cor, luz, som e jovialidade a mistura, só faltava Angola vencer a partida para que correspondesse condignamente aos gritos e desejo da plateia. Era efectivamente uma noite de festa, somente interrompida pela derrota, motivada pela falta de sorte do combinado nacional.
Pelo menos o essencial os adeptos levaram: apitos, vuvuzelas, trombetas, bandeiras, cascóis, fôlego e mais alguma coisa, o que lhes possibilitou puxarem incansavelmente pelos “bravos angolanos”, que, ávidos em ganhar, revelaram em campo muita determinação, coesão, sincronia, disciplina táctica e qualidade técnica individual.
Ao contrário do primeiro jogo (dia 20) diante da África do Sul (vitória por 8 - 2), esta segunda-feira a claque angolana esteve mais activa e interventiva, só que os chilenos foram muito bem preparados para toda a adversidade que haviam de encontrar no Pavilhão Arena Multiusos de Luanda, daí que nem os apupos lhes afetou.
Era um ambiente infernal para quem jogava na condição de visitante, pois que além das claques do Petro de Luanda e do 1º de Agosto, havia uma banda musical não identificada, mas bem organizada, que durante toda a partida foi despertando a plateia com a entoação de canções de força, que eram acompanhadas pelos espetadores.
Eram mais de oito mil pessoas a apoiarem os comandados de Orlando Graça, que, empurrados pela corrente, se adiantaram no marcador aos seis minutos, por intermédio de Johe. Isto fez aumentar a confiança e crença da equipa na vitória, mas só deu em perigos: três bolas no poste e mais de dez remates certeiros defendidos.
Os gritos de incentivo pela selecção aumentaram sobremaneira durante os dez minutos do prolongamento (o jogo terminou empatado 1 – 1 ao cabo dos 40 minutos regulamentares) e foi cessando, já na fase da marcação das grandes penalidades, na medida em que Angola ia falhando os penáltis e o Chile concretizando em golo.
E a sala entrou em silêncio total quando Angola falha a quarta tentativa, gorando todas as suas possibilidades de vencer o jogo, e os chilenos começam a festejar a vitória. Foi um autêntico golpe, que de imediato atiçou um "banquete" de murmúrios entre os angolanos, que passaram a ver distanciada a oportunidade de fazer história em casa.
Nem mesmo a união entre as claques dos principais arqui-rivais do desporto angolano (tricolores e militares), tão menos a animação proporcionada pelo jovem Toy Limpa Chão, através da exibição de vários toques de kuduro, num perfeito casamento entre a dança e o humor, foram capazes de impedir o desalento de toda a plateia angolana.
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