O hoquista do Óquei Barcelos Alvarinho admitiu hoje sentir dificuldades em encontrar as condições ideais para fazer exercícios físicos caseiros, em resposta à paragem competitiva imposta pela pandemia de Covid-19.

“Vivo num apartamento e, como não posso sair de casa, fica complicado. Limito-me a uma sala e faço uns exercícios muito restritos de flexões e abdominais. De vez em quando, vou dar uma corrida à volta do quarteirão, mas já começo a sentir aquela saudade do dia-a-dia, do ‘stick’, da bola e dos patins”, referiu à agência Lusa o avançado.

Álvaro Morais, mais conhecido nos rinques por Alvarinho, reside em Valongo e costumava viajar 70 quilómetros até Barcelos, onde cumpria a terceira época pelos minhotos, quintos colocados do campeonato, com 37 pontos, antes de o novo coronavírus ter obrigado à suspensão total das provas tuteladas pela Federação Portuguesa de Patinagem (FPP).

“Ninguém queria nada disto, até porque caminhávamos para as decisões da temporada. Tivemos de parar e vamos exercitando em casa para não pararmos por completo. Claro que não tem nada a ver com a realidade que estávamos a viver, mas para o bem comum é melhor assim”, assumiu o atleta emprestado pelo Sporting.

Decretada na quarta-feira, um dia após ter limitado a lotação dos pavilhões a 50% da capacidade máxima, para um total de 1.000 pessoas, entre espetadores e intervenientes, a medida federativa interrompeu uma “excelente época” do Óquei Barcelos, assente na chegada aos oitavos de final da Taça de Portugal e aos ‘quartos’ da Taça da Europa.

“Tivemos o último jogo com o FC Porto [em 07 de março, derrota por 12-3] e o vírus ainda nem sequer tinha chegado em força a Portugal. Ao longo desta semana, desenrolaram-se casos e casos e foi tudo tão rápido, pelo que agiram na altura certa”, defendeu.

A par do restante plantel, Alvarinho, de 23 anos, tem data de regresso aos treinos prevista para 22 de março, salvo se as “condições de segurança piorarem”, enquanto prossegue um plano nutritivo anual negociado com o clube no início da temporada.

“A paragem vai deixar algumas marcas pela negativa, porque estávamos realmente num bom caminho. Não recebemos informações adicionais, mas sabemos perfeitamente o que é melhor e o que é pior e claro que iremos optar pelos alimentos mais indicados”, apontou.

Disposto a meditar sobre “coisas mais prioritárias”, o antigo hoquista do FC Porto, campeão pelo Valongo em 2013/14 e com 32 golos em 24 encontros em 2019/20, enaltece a “união” do povo português face à pandemia de Covid-19, que soma mais de 6.400 mortos e 164 mil infetados pelo mundo, 245 dos quais em solo nacional.

“O país percebeu que não pode brincar com este vírus. Já houve confraternizações noturnas entre as pessoas e estes dias serão importantes para conviver em família”, destacou o vencedor do Europeu sub-20 (2014), do Mundial sub-20 (2015) e da Taça Latina (2016) pela seleção das ‘quinas’, além da Taça CERS com o Barcelos em 2016/17.

Em caso de retoma competitiva, que trará as sete jornadas finais do campeonato, acompanhadas pelas deslocações ao Benfica e aos espanhóis do Igualada, relativas à prova ‘rainha’ e às competições europeias, respetivamente, Alvarinho antevê uma “recuperação física nada fácil”, valorizada pelo regresso à normalidade.

“Nas pré-épocas, temos um mês para nos prepararmos ao pormenor, tendo em conta que a nossa Liga é muito dura e com equipas muito equivalentes. Agora, não sabemos se estaremos parados uma ou duas semanas, um ou dois meses, mas voltar a competir será bom sinal. Significa que isto já passou e que tempos melhores vêm aí”, afiançou.