Marlene Sousa, capitã da equipa de hóquei em patins do Benfica, assumiu hoje não entender não ter sido convocada pelo selecionador nacional, Hélder Antunes, para o Mundial que se vai realizar este ano em Novara, Itália.

Já depois de o clube lisboeta ter, em comunicado, considerado as ausências de Marlene Sousa, Maria Vieira e Maria Sofia Silva “vexatória e desrespeitadora para com o Benfica e as suas jogadoras”, a capitã pronunciou-se hoje sobre a polémica, depois de a sua equipa ter vencido a 10.ª Taça de Portugal feminina consecutiva, ao bater na final o Tojal (3-2).

“Queria fechar esse assunto e dizer a quem me tem enviado mensagens que não abdiquei, nem renunciei, à seleção nacional. Sinto que estou no auge das minhas capacidades físicas, mentais e de maturidade. Como é óbvio, respeito todas as decisões ainda que não as consiga entender”, disse.

Momentos depois de ter erguido a Taça no Pavilhão do Grupo Desportivo de Sesimbra, troféu que as ‘águias’ juntaram na presente temporada ao 11.º campeonato consecutivo, Marlene Sousa, de 29 anos, fez questão de frisar a forma como sempre deu tudo pelas cores nacionais.

“É um orgulho e uma honra representar o meu país desde 2009 e ser capitã desde 2016. Joguei sempre com muito amor à camisola. Nos 25 anos que levo de carreira como hoquista, vivi sempre ao máximo esta minha paixão e dei sempre tudo pelo hóquei. Nunca saí da nossa Liga, porque penso que as melhores têm que cá estar para dignificar a nossa Liga. Vou continuar na luta pelo hóquei em patins feminino”, assegurou.

Fernando Tavares, vice-presidente do Benfica, foi mais assertivo e não se coibiu de criticar o selecionador Hélder Antunes por deixar de fora as três jogadoras do clube, que considera já ter sido prejudicado em ocasiões anteriores.

“Este não é o primeiro incidente que se passa com atletas do Benfica. Só posso sentir esta exclusão como uma perseguição às jogadoras do Benfica, ao Benfica e ao hóquei, porque em circunstância alguma se pode excluir as melhores jogadoras de uma seleção nacional”, referiu.

O dirigente responsável pelas modalidades considera que o clube tem legitimidade para exigir explicações.

“O Benfica é o clube que investe mais nesta modalidade, particularmente na vertente feminina, e tem toda a legitimidade para pedir explicações. O Benfica não quer ser beneficiado em nada, mas tem toda a legitimidade para pedir publicamente à Federação, ao diretor técnico nacional e ao selecionador uma explicação”, afirmou.

Em Sesimbra, localidade do distrito de Setúbal em que os representantes da Federação Portuguesa de Patinagem que assistiram à final da Taça de Portugal foram muito apupados pelos adeptos ‘encarnados’ durante as cerimónias protocolares, Fernando Tavares disse que a demissão de Hélder Antunes deve ser equacionada.

“Ficaria bem ao selecionador nacional uma de duas coisas: ou vir explicar aos clubes o sentido destas exclusões ou então fazer aquilo que, se calhar, já devia ter feito há mais tempo, que era demitir-se”, concluiu.

À Lusa, o treinador do Benfica, Paulo Almeida, foi lacónico quando instado a dar a sua opinião sobre a polémica.

“Acho que já não vale a pena falar mais, porque já foi tudo falado. Disseram-me que são opções do selecionador e que se tem de respeitar. Não concordo com as opções, mas não vale a pena falar mais nisso”, disse.