O percurso de Christine Ongare merece ser relatado. A pugilista de 26 anos assegurou presença nas Olímpiadas depois de bater a ugandesa Catherine Nanziri, em -51 kg no torneio africano de qualificação, evento que teve lugar em Dakar, no Senegal. Feito histórico, já que foi a primeira vez que o Quénia se viu representado nos Jogos Olímpicos.

A qualificação olímpica é um prémio depois de um início de vida feito de vários obstáculos, entre os quais uma gravidez ao 12 anos.

"Tenho tido uma vida, mas não gosto muito de falar nisso. Engravidei quando tinha 12 anos e na altura a minha mãe assumiu a responsabilidade de cuidar da criança. Eu própria era uma criança", revelou em declarações ao Olympic Channell.

O problema da gravidez precoce é comum no continente africano e no Quénia.

De acordo com o "International Journal of Adolescence and Youth, estima-se que 2,3 milhões de raparigas no Quénia Ocidental sejam mães antes dos 18 anos.

A progenitora de Christine  também teve que a criar sozinha, fazendo das 'tripas coração' para assegurar que à filha não faltava nada. Antes de abraçar o boxe, Christine jogou futebol, ginástica acrobática.

"O boxe é tudo o que tenho. Diz-se que quando cais tens de te levantar. Foi assim que eu cresci e conheci grandes treinadores, que me deram a motivação até ter chegado onde estou", contou.

Sem ainda a qualificação no bolso, Ongare considerava que a acontecer seria a oportunidade para conseguir vencer, na sua ainda curta vida.

"Não há outro lugar onde possa conseguir dinheiro, é como um empréstimo sem juros. Se me qualificar para os Jogos Olímpicos, isso vai abrir portas e vai ajudar-me muito."