Beatriz Martins e Catarina Nunes alcançaram este sábado uma inédita medalha de bronze para Portugal no 35.º Mundial de Trampolins, no Azerbaijão, apesar das acrobacias diárias para compatibilizarem a medicina e o desporto de alta competição.
Hoje, à chegada ao Aeroporto Internacional de Lisboa Humberto Delgado, foi tempo de comemorar com algumas dezenas de familiares, amigos e responsáveis e dirigentes da Federação de Ginástica de Portugal (FGP) e dos respetivos clubes, antes das merecidas “folgas”.
“Esta semana foi das mais intensas – acho que posso dizer – das nossas vidas. A minha, também, com a escolha da especialidade [pediatria no Hospital de Santa Maria, Lisboa]. Acabou por calhar tudo ao mesmo tempo, mas estou muito feliz pelos resultados e por ver que o trabalho compensa”, disse à Lusa ‘Bia’, de 27 anos, acabada de ser informada que tinha conseguido colocação na sua primeira opção.
A atleta do Lisboa Ginásio Clube, pelo qual também alinha Catarina Nunes, considerou que “o que faltou para estar à frente das chinesas e das japonesas”, respetivamente campeãs e vice-campeãs, foi não haver condições em Portugal para “o nível de profissionalismo” daqueles países. Ainda assim, o par luso dedica “duas horas e meia, cinco dias por semana” ao trampolim, “mais três treinos físicos”.
“Também estou em medicina [quarto ano da licenciatura]. É sempre um bocadinho mais complicado fazer esta gestão”, concordou Catarina, agradecendo o “bom exemplo a seguir” da amiga, embora confessando ser “ainda muito ‘baby’ (bebé)”, com 22 anos, para saber já a futura especialidade de medicina.
Em relação aos Jogos Olímpicos, designadamente o certame do verão de 2024, em Paris, Catarina Nunes “gostava muito” (de conseguir qualificar-se), mas “é sempre uma meta muito difícil”, prometendo ir “trabalhar para isso, os resultados logo se veem”. Em Tóquio2020, os trampolins só contaram com Diogo Abreu (Sporting).
“Nas nossas disciplinas, é uma vida inteira a treinar para chegar a um Campeonato do Mundo e ter estes resultados. Naturalmente, é um esforço deles próprios, treinadores, clubes, um esforço, enorme, gigante. Estão todos de parabéns”, declarou o presidente da FGP, Luís Arrais.
Sobre Paris2024, o responsável federativo disse que Portugal vai “tentar continuar a manter ginastas apurados, tanto da parte masculina como feminina”, referindo-se à especialidade dos trampolins, dentro de dois anos e meio.
Até sábado, nunca ginastas lusos tinham alcançado um pódio mundial em trampolim sincronizado, quer na vertente feminina, quer na masculina, como aconteceu em Baku e o segredo, segundo as ‘Bia’ e Catarina, foi a amizade de há anos entre ambas.
Neste 35.º Mundial de Trampolim, a bandeira de Portugal esteve três vezes no pódio, graças também às ‘pratas’ de Diogo Cabral (Associação Académica de Espinho), de 22 anos, no duplo minitrampolim, só atrás do russo Vasilii Makarski.
O atleta, também a estudar na área da medicina, ainda ajudou à prata coletiva na mesma especialidade, com Diogo Fernandes, Tiago Romão e André Nunes. Especialista em biotecnologia medicinal, Cabral viajou diretamente para o sul da Suécia, onde está no regime de intercâmbio europeu Erasmus, a meio de um mestrado em oncologia.
Portugal ficou no nono lugar no ‘medalheiro’ final, encabeçado pela Federação Russa (nove medalhas), de entre as 33 comitivas presentes no evento de Baku.
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