“É incrível. Toda a minha mudança, tudo o que fiz para chegar até aqui e no final estas medalhas, hoje concluo que correspondi às minhas expectativas, sempre tive uma voz no coração que eu podia mais, que eu conseguiria mais, ter êxito entre as melhores do mundo”, explicou emocionada.

A judoca, de 31 anos e nascida no Brasil, conquistou hoje a medalha de bronze nos Mundiais em Tashkent, na categoria de -63 kg, depois de em 2019, no ano de estreia por Portugal já ter sido vice-campeã mundial em Tóquio, então a competir em -70 kg.

Barbara Timo reconhece que a própria resiliência e expectativas criaram este cenário, de confiança em si própria, mas que nada seria possível sem o sonho que acalentou e o suporte que diz ter encontrado em Portugal.

Na hora dos agradecimentos, Timo enfatizou o Benfica, o seu clube, o presidente ‘encarnado’, o ‘vice’ Fernando Tavares, a coordenadora Ana Oliveira, os treinadores, entre os quais Ana Hormigo, mas também os companheiros de equipa e a Federação, com quem teve recentemente um litígio, que não evocou.

“Para a semana faz um ano de Paris [e da mudança de categoria], o que era uma aposta, hoje concretizo como uma certeza (…). A única parte individual é quando entro no tapete e aqui emociono-me, porque fora disso é toda uma equipa por trás”, assinalou a judoca, desfilando agradecimentos.

Sempre muito emocionada, a judoca analisou o percurso feito hoje em Tashkent, em que derrotou cinco adversárias, cedendo apenas na luta com a japonesa Megumi Horikowa, que seria campeã mundial e a relegou para a discussão do bronze.

“As atletas que encontrei são muito duras, a primeira [a sérvia Anja Obradovic] foi bronze no Mundial da Hungria, a segunda [a eslovena Andreja Leski] foi vice-campeã mundial, a terceira foi uma holandesa muito forte, então tive lutas muito, muito duras. Delas todas só não tinha treinado mesmo com a japonesa, é óbvio que era dura, tinha-a estudado, mas não foi suficiente”, explicou.

Depois, além das seis oponentes no tatami, há um sétimo combate que Timo diz fazer parte do processo, o da luta com a balança, numa fase de carreira em que é preciso forte restrição alimentar, para manter o peso e quando se desceu, ao contrário do que é habitual, de categoria.

“Sem rodeios. A minha competição começa no peso, fiz seis lutas hoje, mas considero que faço sete, a primeira é com a balança, há sempre uma preparação para isso”, disse.

De resto, foi um dia longo, desde que se levantou às 06:30 locais (02:30 em Lisboa), prosseguiu em cada combate já na Humo Arena, na subida ao pódio, nas solicitações para tirar fotografias, nas entrevistas que teve que dar e até regressar à zona de aquecimento, já noite.

“Acordei às 06:30 da manhã, são 12 horas no modo competição, é um dia duro, mas o que tenho levado para mim mesma é que o judo é uma maratona, não fico vendo mais como um grande objetivo, mas como mais um passo e depois vou conquistar mais outro e outro, é muito mais uma maratona do que 100 metros. E foi assim que levei o dia, cada luta era uma parte dos quilómetros da maratona”, sublinhou.

A medalha de Bárbara Timo é a primeira conquista da seleção portuguesa em Tashkent e a 14.ª da história das participações lusas em Mundiais.

Da seleção ainda na capital uzbeque, de um total de oito judocas, faltam competir Anri Egutidze (-90 kg), na segunda-feira, o bicampeão mundial Jorge Fonseca (-100 kg), na terça-feira, e Rochele Nunes (+78 kg), na quarta-feira.